GAMX - II

domingo, novembro 25


Era novembro, mês chuvoso naquela fatídica cidade. Não sei o porquê, mas, aquele era o mês mais chuvoso daquela capital... Esse era mais um daqueles tours que o secretário de segurança gostava de fazer e o governador acompanhava. Nunca entendi aqueles dois homens. Óperas, museus, cinemas, teatros, tudo o que era dito cultural era visitado por aqueles dois homens, sempre juntos.
         Hoje nós iremos a uma ópera. Eu gosto de óperas.

         O céu do fim da tarde era alaranjado, e antecipado, 17h55min e já começara a anoitecer. Sou muito específico em questão de tempo, culpa do secretário. Tenho uma hora pra me arrumar e encontrar com o secretário e o governador na prefeitura do município deve haver tempo para que eu tome um gole de uísque. O “Black tie” que vou usar essa noite está disposto sobre a cama do hotel ao meu lado.
         Fico em pé, para melhor poder vê-lo, o céu crepuscular deu lugar a um céu tônico negro. Apenas há a Lua cheia nele. Nada mais, nem mesmo as estrelas que tanto dão sorte estão lá. Só há a Lua.
         O vapor da água quente do chuveiro já invade todo o quarto do hotel e cria uma densa nuvem no banheiro. O meu copo de uísque sobre a pia barra penteadeira estala por causa da sua temperatura baixa sendo aquecido.
         Massageio o meu couro cabeludo com a ponta dos dedos ensaboados por causa do xampu. Há uma breve pausa nesse movimento, paro pra pensar no que vai acontecer essa noite. O que será?

         Vejo rostos em urros de pânico, homens armados gritando, o governador no chão e uma poça de sangue ao seu redor. O secretario em meio a um incêndio no palco. Os tenores fuzilados, e a orquestra queimando.

         Sento-me na cama do hotel, amarro os cadarços dos sapatos de forma que façam laços idênticos e perfeitos. Do meu lado está o meu copo. – O celular, um Iphone dado pelo governo do Estado, toca. É o assessor especial do secretário, perguntando-me onde estou. Um BlackBerry toca relutantemente para ser ouvido, atendo a ligação.
                   “Faremos hoje, como o plano.” – Só foi isso que a voz do outro lado da linha disse.

         Pego a maleta que está ao lado da porta do quarto, passo para o corredor e sigo em direção ao hall dos elevadores. O BlackBerry toca novamente.
                  “O que precisa está no último elevador do hall, pegue-o e desça ao Subsolo 2” – Era uma voz diferente da primeira, mas novamente, disse apenas uma curta frase e desligou.
        
         Havia uma maleta no elevador, peguei-a e fui ao SS2.

         Uma multidão na frente do cordão de isolamento policial aguardava a chegada de algumas celebridades que iriam acompanhar a primeira ópera a ser apresentada no Theatro Municipal após a restauração completa. O carro do governador estava atrás do meu, estamos a cerca de 300 metros da primeira barreira policial. Sirenes por todo o lado, os batedores que nos escoltam me mandam acelerar e passar com rapidez pela primeira barreira.
        
         Dentro do banheiro do Theatro, o BlackBerry toca novamente.
                   “Conseguiu senhor?”
                   “Está tudo pronto, Tom. Inicie.”
         Abro a primeira maleta que havia trago comigo, dentro há apenas alguns papéis – contratos de equipes de seguranças e afins – e um fundo falso. Removo-o e há uma máscara junto de duas pistolas.
         Uma máscara estilizada de Guy Fawkes. Aquela mesma máscara usada em “V for Vendetta” e duas pistolas israelitas “Desert Eagle”. A segunda maleta, ah! Essa sim! Um fuzil de assalto “SCAR-L” personalizado, e 10 pentes de 30 tiros cada um. 300 tiros de fuzil e mais 140 tiros de calibre .50AE (Já que cada DE tem 7 tiros no pente, com 20 pentes, são 140 tiros).

         Coloco a máscara. Um par de luvas. Coloco as duas pistolas sob os coldres na parte interna do meu braço ao lado do meu torço. Guardo todos os pentes num cinto que havia junto da máscara dentro da maleta, o visto também.
         Já ouço os policiais no corredor correndo para algum canto. Passos descompassados para todos os cantos. De repente, está instituído o caos.

         O BlackBerry volta a tocar.
                   “Está tudo pronto, estamos na porta.” – A mesma voz da primeira ligação.

         Saio do banheiro, três homens com máscaras iguais a minha estão aqui, parados. Armados assim como eu. Dirigimos-nos para a sala de concertos em formação militar. Quatro policiais mortos. Cinco. Seis. Sete. Oito. Entramos.
        
         O governador em minha frente, um tiro de fuzil na sua testa. Do camarote vejo o resto dos mercenários mascarados colocando fogo no Theatro. E tudo se remete a visão do chuveiro.

         É esse o primeiro recado que temos para dar. Em breve, muito em breve...

Ídolos

segunda-feira, novembro 19


E quando seus ídolos caem? Você vê que eles são falíveis e se pergunta: “Em quem vou me espelhar agora?”.
         Com essa frase, terminei meu livro. Não era uma obra prima, mas eu estou na alta com a crítica e o pedido da editora me interessou um livro inteiro sobre um romance suburbano no século XXI, nada demais.
         Bom, só enviar o e-mail com o último capítulo e posso ir pra praia, o bom da minha editora atual é que eles me dão esse apartamento sempre que digo “estou com um bloqueio criativo”, pronto, tenho um apartamento de frente à praia e pelo tempo que precisar.

         Lá está ela, a minha maior inspiração pra essa obra, uma morena de medidas consideráveis, corpo escultural, pele bronzeada e aquela marquinha que dá “um que” de sensualidade a mais. Confesso que o que mais me atrai nela é aquela tatuagem de dragão na perna direita que parte da coxa e se estende até a panturrilha. Uma voz doce e suave, tá, isso me conquista também. E a droga do olhar penetrante daqueles olhos verdes cristalinos.
         Melissa foi inspirada na Caroline, sim, de fato é ela no meu livro, só que bem menos “sensual”.

         Como conheci Caroline? Bem, sabe quando você está de saco cheio e decide ir pra algum lugar longe? Fiz isso assim que cheguei ao Rio de Janeiro, fui pr’um bar na Gávea e decidi esquecer o trabalho, apenas me divertir.
         Olhei para as mesas de sinuca, e lá estava a morena de corpo escultural preparando pra dar uma tacada, e com uma parte peculiar de seu corpo virada na minha direção e de mais uns cinco caras. Fiquei admirando-a, tirei um bloco de anotações – que levo comigo onde for – do bolso do meu blazer e anotei umas ideias de personagens.

Como eu ia usá-la de molde pra uma personagem, decidi conversar com ela, afinal, sempre é bom ter contatos e permissões de uso de imagens. Caminhei pro balcão do bar, pedi um shot de tequila e virei assim que o garçom serviu.
         - É, com licença, a senhorita se importaria se eu jogasse também?
         - Até que não, mas... Minha mãe sempre disse pra não aceitar a companhia de estranhos.
- O nome é Duarte, sou escritor, e a senhorita?
-  Tentando uma aproximação?
-  Não. Só estou deixando de ser um estranho, o que é comum em bares.
- Caroline. Sou médica cardiologista. Pelo sotaque dá pra perceber que você não é daqui, paulista?
- Sim, com muito orgulho. Agora, já que nos conhecemos, eu estou escrevendo um livro e quero usá-la de molde para uma personagem, que me diz?
- Nossa... Tão pouco tempo de conversa e já quer que eu faça parte de seu livro? É sempre assim?
- Só em casos especiais.

Ficamos algum tempo naquele papo, confesso que não sou bom em puxar assunto com “estranhos”, mas até que foi. A conversa fluiu como eu esperava que fosse. Trocamos telefones, passei um mês saindo com ela, ela me mostrando a cidade e eu escrevendo.
         O processo todo de escrita do livro, levou em torno de três meses, sempre que estou perto de concluir o livro, me isolo. Logo, passei dois meses saindo com Caroline, conversando, aprendendo sobre a cidade (já que decidi que o romance iria acontecer ali, no Rio de Janeiro), conhecendo-a mais.

Eu estava próximo aos últimos capítulos, avisei-a que iria me isolar. Ela não entendeu bem. Considerou que eu iria embora, na realidade.
         Caroline havia me contado sobre o pai dela, ela sempre se espelhou naquele homem pra entender o que era força de trabalho, vontade de viver, cuidar da família, não ser corrompido.  O pai dela era político, mas era um dos poucos que realmente são honestos. Isso era importante para a construção da Melissa.

Caroline, contando-me sobre o pai por telefone – tive que ligar, pois senti que Melissa estava superficial demais no capítulo que era dedicado apenas a sua história – disse que uma segunda-feira de novembro, o pai simplesmente saiu com uma arma do escritório dele, em sua casa, e com uma maleta. Ele abriu a maleta, e havia várias notas de cem reais, ela disse:
- Nunca tinha visto tanto dinheiro junto, e nem meu pai naquele estado, eu devia ter 17 anos, ele apontou a arma pra mim e disse “Filha, nunca, nunca se corrompa. Faça o que seu pai não fez, aja de forma certa”. Ele pegou a maleta, fechou-a e sai pela porta... Até hoje espero que ele volte.


 

Lendas.

quarta-feira, novembro 14


Lendas não morrem, é... Nunca morrem. Lendas verdadeiras nunca morrem que seja dita a verdade. Bom, esse sou eu deixando meu sangue secar ao redor desse ferimento, enquanto me arrasto para perto de uma criança caída. Sinto algo em meu rosto, algo molhado... Agora não enxergo de um olho e a criança começa a chorar, não consigo me mexer direito, parte de meu corpo não se move e continuo a não enxergar por um olho.
         Vejo algo rosa passando pelo meu olho direito, algo rosa e cinza ao fundo, a criança foi baleada e começa a jorrar sangue de sua cabeça.
Meu cachorro, posso ver  meu cachorro com meu olho direito e a criança com meu olho esquerdo. Não creio nisso... Estou dormindo e acordado ao mesmo tempo. Estou preso em um sonho enquanto vivo a realidade.
Eis que me surge Lorena, como sempre, tirando o Lobo de cima de mim pela manhã. Enxergo-a com meu olho direito e o esquerdo agora enxerga o asfalto e o cinza do concreto ao redor. Nunca me senti assim.
Levanto-me e vou ao banheiro, jogo água no rosto para ver se muda algo e nada. Continuo preso entre realidade e sonho.

Vou para a cozinha, sento-me à mesa com Lorena e seu filho. Meu olho direito ainda não corresponde à realidade. Sei que estou de olhos bem abertos, pois ninguém comentou nada. Sinto sono, falta de ar, coração quase sem pulso e ainda a criança jorra sangue pela cabeça.

Olho para cima, um homem de uniforme e sua Magnum .44... Qual será a boa notícia do dia? Sento-me no banco do motorista de meu carro, sinto um leve desconforto. Vista turva. Pernas adormecem. Meu pé no acelerador, e continua o pressionando... O velocímetro aponta 140 km/h.

E de repente, tudo apaga. 

Até

sábado, novembro 10

Não nos deixaram sair
Nos marcaram com suas garras
Derrubaram nossos cavalos
Mataram nossos aliados.

Deram-nos uma chance
Uma alternativa
Uma ligação

Derrubaram-nos de nossos cascos
Mataram nossos amados
Deitaram nossas princesas
Esfaquearam nossas estrelas

Metralharam nossos sonhos
Explodiram nossas almas
Queimaram nossas armas
Deixaram-nos sem educação

Deram-nos um fim
Sem iniciação.
Queimaram nossa fé
Mataram nossa ralé
E então,
Se mataram.

Chuva.

quinta-feira, novembro 1

Precipite, ó chuva, dos céus para baixo. 
Deixe que sua boca toque os tão quão frágeis pingos 
Deixe que a chuva toque-lhe a alma.
Deixe os poemas para trás.

Sinta a chuva, deixe-a lavar a alma.
Sinta o toque suave das gotículas de água
Em sua derme, deixe que elas te toquem.
Não esconda-se. 

Vedes quão boa a chuva é?
Sinta-se a vontade
Deixe-a libertar-te
Sinta-se livre.

Esqueça-se de preocupações
Suma do mundo
Deixe o inferno queimar
E o céu precipitar.

Sente-se ao meu lado
Aproveite a chuva.
Abraça-me durante a tempestade.
Beija-me durante o temporal. 

domingo, outubro 28

Lua, Lua, Lua...
Insistente, persistente e teimosa.
Pequena, mas grande.
Ande, e perceba sua presença;

Veja, lá está ela.
No Céu sobre nós,
Na amizade após
No amor de algoz. 

Amor, é, amor.
Sei bem que jogas
Sei o quanto joga
E ainda saberei o porque jogas.

Me intrigas, me alucinas
Me irritas, me acalmas
Me abraças e dai-me apoio,
Me deves, e me faz dever.

Ei Lua, brilhas no céu hoje
Alias, hoje ele está uma maravilha.
Brilhas aqui, e gostaria que brilhasse mais.
Brilhasse ao meu lado, mas é assim, já brilhas. 

GAMX - Texto I

domingo, outubro 14


                Tentei olhar pelo vidro do lado do passageiro, mas não enxerguei nada, e ainda quase raspei um pedaço da guia da calçada com a roda dianteira do carro. Não parecia que era dia de casa lotada no clube, só que Mariana não estava em casa, em plena sexta, então é sinal que era dia de balada.
         Tá, eu sei, sou um irmão chato, admito. Só que eu quero proteger minha irmã de caras... Tipo... Eu. Não sou modelo de “homem” a ser seguido por ninguém, então conheço gente da minha “laia”, só quero garantir que minha irmã não caia na lábia de nenhum deles...

         Quatro da manhã, e eu aqui, parado dentro do carro esperando a Mari sair... Porque que eu não entro? Não quero invadir o espaço dela, ok, mas tá foda aqui.
         Foda-se. Vou entrar. “ô mari, vou entrar, só pra pegar algo no bar e ficar te esperando. Relaxa que não vou pesar na sua.” Mandei essa sms pra ela e entrei, o bom é que conheço todo mundo aqui e não preciso parar na fila. Passei pela entrada e fui direto para o bar.
                   - O de sempre, Marcos.
                   - Tá ai Wolf. Chegou tarde por quê?
                   - To esperando a irmãzinha. Segunda balada sozinha que ela vem. Aí eu to evitando que ela saia daqui com algum cara.
                   - Saquei... Ela tá no camarote, to aqui uma pulseira, sobe lá se quiser. É open bar hoje.
        
         Subi para a área VIP, fui direto para o bar de lá, para cumprimentar a Michelle. Falei oi e fiquei encostado, olhando todo mundo ali se divertindo, procurando a Mari. Achei-a abraçada com um cara. Uma leve vontade de sacar minha arma me ateve, mas logo passou. Continuei observando.
         Ela começou a beijar o cara, meus dedos começaram a coçar pra puxar minha Taurus PT, mas novamente me acalmei. Michelle percebeu o quão irritado eu estava e desceu uma dose de vodca pura para mim. Sorvi-a de uma só vez.
                   - Essa garota... Sempre ela... Michelle, o que eu fiz pra merecer isso?
                   - Fez um monte de garotas de bobas apaixonadas? Hahahaha. Relaxa Wolf, curte o som, se quiser, eu posso te ajudar.

         Aquela piscadinha da Michelle, ai ai... Se não fosse esse babaca tentando se aproveitar da minha irmã... Caminhei pacientemente até Mari e o idiota que tentava beijá-la a força...
                   - Aí o dá regatinha pagando de machão... Dá pra soltar minha irmã?
                   - Caí fora, palhaço, eu estou conversando com sua irmãzinha.
                   - Beleza então.
        
         Fiz uma breve análise da situação. Ele estava segurando minha irmã com os seus braços esticados, eu podia arrebentar com as costelas dele com um chute ou joelhada. Dei um passo para o lado esquerdo e um chute circular na lateral direito do torço dele. Ele caiu, soltou minha irmã e ficou uns 30 segundos sem ar.
                   - Mari, são cinco da manhã, vamos?
                   - Sempre estragando minha noite! Matt, eu te odeio, mas obrigado por me tirar das mãos desse idiota.

         Mari me acompanhou até o carro. Assim que eu fechei a porta do passageiro, fui agarrado em um mata-leão. O ar começou a ficar escasso. Não estava conseguindo me soltar. O idiota que eu havia derrubado entrou no lado do motorista de meu carro e saiu com Mari. E eu continuei aqui preso no mata-leão quase sufocado. Merda. O que faço agora? É minha última noite em Nova Iorque...

Dedicado - Amigos do passado; e futuro.


                Eu aprendi que falar de amor não é algo estranho ao homem, não é algo que diminua seu nível de testosterona ou algo do gênero. Aprendi que é o amor, e só o amor, o combustível de muitas e muitas noites de inspiração. Os insights acontecem quando? Quando se está apaixonado.
Reencontrei, mesmo que de forma virtual, o meu passado. A primeira garota por quem efetivamente me apaixonei, as primeiras amizades, as primeiras pessoas a quem eu chamei de amigos, e é estranho, mas belo, como todos nós nos reconhecemos ainda, e ainda nutrimos um sentimento. Somos amigos, de longa data, nunca mais falei com muitos, mas mesmo assim, sinto como se fosse ontem que eu tivesse os vistos pela última e dolorosa vez.

Agora sinto que talvez, somente talvez, eu devesse ter aproveitado mais essa época da vida. Não liguei muito, mas deveria ter vivido intensamente. Sinto que é isso que nós, velhos amigos, sentimos hoje. E sentiremos daqui pra frente, porém, agora nós reencontramos e acho que se essas amizades resistiram até hoje, irão durar pra sempre.

Não fomos apenas uma turma de terceira série do Ensino Fundamental, fomos amigos, super-amigos, fizemos planos, (Não é mesmo Lucas e toda galera que queria montar um hospital?), fomos campeões de futebol (pra quem jogava na quadra ou na entrada do pátio), fomos campeões ou destruidores de beyblades, e até mesmo, fomos alvo do famoso bullying, que na nossa época, era apenas brincadeira.
Sinto falta dessa época em que tudo se resumia em três palavras: brincadeiras de crianças.

Nossa maior preocupação hoje é o nosso futuro: se teremos um emprego bom, se ganharemos bem, se conseguiremos fazer o curso superior que mais nos agrada... E quem diria que as crianças de 9 anos de uma terceira série do EF iriam se preocupar com isso um dia? Nem passava pelas nossas inocentes cabeças.
         Hoje nós conhecemos o mundo que nos é feito lar. Hoje nós entendemos tudo aquilo que para nós, anos atrás, era coisa de adulto.
         Eu, particularmente, prefiro o tempo em que tudo o que fazemos agora era “coisa de adulto”.

         Enfim, esse texto é só um texto pessoal, que dedico a aqueles amigos da terceira série do ensino fundamental, que reencontrei, graças a uma rede social e que espero que não sumam mais, pois quero tê-los como amigos para o resto de nossas vidas.

Curto

sábado, outubro 6

Me esqueci, simples, me esqueci.
Até o coração jovial está envelhecendo
Rir disso? É, talvez devesse.
Ia ser lindo se eu risse
Até bonito de se ver.

GAMX - Introdução

domingo, setembro 30


- Qual era mesmo?
         - Qual era o que, Matt?
         - Nada não, deixa pra lá.

Eu estava perguntando para a recepcionista do escritório o nome da música que ela havia me mostrado há uns trinta segundos, mas... Bom, ela não é aquele tipo de pessoa que tem uma memória incrível.
                  
                  - Wolf, no meu escritório, agora!

Pelo tom agudo do grito era minha chefa, Suzane, a fim de me dar uma bronca por algo que eu provavelmente deixei de fazer. Tem sido assim, nós últimos três meses pelo menos... A narcolepsia é algo comum na minha vida agora. Vejamos desde meus doze anos de idade sofro de uns surtos desse distúrbio neurológico, mas, agora ele está pior.
         Caminho com passos demorados e tranquilos, até o escritório de Suzane, paro e olho, para meus sapatos recém-engraxados, ajeito minha gravata, dou uma leve respirada e sigo andando. É engraçado como quando se sabe o que acontecerá você tende a ter uma postura “desleixada”, assim digamos, e passa a irritar ainda mais quem já está irritado, no caso, a Suzane.
     
          - O que aconteceu Suzane?
                   - Simples. Wolf, o CEO quer que você vá para a Pensilvânia, para assumir o cargo de Gerente-Regional. O que me diz?
                   - Por que ele está me mandando e não manda você? Você é a que tem o posto mais alto aqui, e pelo que sei você vem tentando a vaga de Gerente-Regional tem algum tempo!
                   - Wolf, é uma ordem do CEO, não questiona e faz!

Suzane tinha uma argumentação tão boa, que certamente ganharia um debate político com três ou quatro palavras. Bom, isso é tudo muito legal, falei de minha vida, falei o que ia acontecer, mas tem pontos não explicados, certo?
         Vamos do começo, eu trabalho na GAMX – Grupo Armado Mercenário X. Uma empresa que presta serviço aos Estados, sim, exato. Somos mercenários. Um exército mercenário, especificando ainda mais, atualmente  eu sou um Operador ou Agente como preferirem, mas agora serei promovido a Gerente-Regional, que  faz exatamente o que? Bem... O Gerente é responsável por fazer o recrutamento, preparar equipes de treinadores e eventualmente compor a equipe treinadora. O Gerente-Regional é o responsável por gerir as gerências e destacar os gerentes, além de ser o principal Operador da região, podendo receber os contratos de três pontas. Bom, os contratos de três pontas são os contratos de clientes especiais, são os contratos de alto risco, de maior pagamento e de maior chance de morrer. Explicado isso, acho que podemos evoluir na história.

Bom, lá vou eu, de Nova Iorque para a Pensilvânia, cuidar de uma filial do Grupo que conta com míseros cinco agentes e um deles é o gerente que queria ter sido promovido, pré-sinto que nada será fácil lá.
         

Estrela.

domingo, setembro 23

Ei, estrela porque não brilhas para mim?
Porque não volta este teu olhar puro para mim?
É, eu fico aqui imaginando o porque
O pra que e o por que.

Soa estranho pedir isso a uma Estrela
Mas essa estrela é que guia meu coração
É ela, só ela que me alegra.

Estrela, ó estrela, brilhe para mim.
Deixe este pobre feliz ao menos um dia
Brilhe para mim nem que seja por um dia.

Não deixe que esse pobre escritor morra
Sem ao menos ver um sorriso seu
Um olhar seu
Um brilho teu.

Inspire-me, uma vez mais, Estrela.
Estrela-guia do meu coração
Brilhe uma vez mais.
Brilhe somente, para mim.

Meios.

sexta-feira, setembro 14

Três, eram três.
Ou eram vocês.
Pouco importa o inoportuno
Pois o sol brilha para Netuno
E com isso, os três viraram vocês.

Desde quando
O mando é teu?
Desde quando
O manto é teu?

É melhor se ater
Já que está longe
Do vosso fim.

Seus meios não justificam
Sua atitude incompreensível.

Carta.


Qual o desafio de hoje? É o que me pergunto todo santo dia, quando levanto e penso em quão funda é a toca do coelho.
Não sei qual a dificuldade do dia, mas com certeza, não será nada fácil, nunca é.

Lembrar-me do que aconteceu tempos atrás, não é fácil. Não deixo isso passar, não deixo a dor ir. Não, nem mesmo o Wolf consegue superar isso.
Por mais que ele seja meu algoz, ele não supera o que aconteceu. Toda emoção ruim que me atenha, Wolf a quebra e lembra-me que ele está aqui, e que ele é o ponto forte que posso confiar, mas... Isso aqui é demais.

Novamente, uso meus textos para me confortar, mas admito que um beijo e um abraço seu iriam me servir muito mais, sim, muito mais. Confortar-me-iam, sem dúvidas.
Mas nem sempre se consegue o que queres, é assim, é assim que se vive certo?
Pois então, vamos ao fundo da toca do coelho.

Aos meus digo que irei ficar bem, aos que me desejam o mal, digo-vos que um lutador nunca morre, apenas vira lenda. Aos que irão lutar, rezem ao seu Deus, pois a Fé é a sua força. Aos que irão pro fundo da toca do coelho comigo, apenas aviso lhes que, a viagem nem sempre é segura, esperem turbulências. 

A conta.

quarta-feira, setembro 12


“Essas garotas com essas tatuagens “Carpe Diem” no pulso ou no antebraço, que coisa mais... mais... Ah, foda-se... Garçom desce mais uma.”.
“Wolf, você tá pegando pesado cara. Para de beber um pouco, porra!”.
Mike e eu estávamos num bar na Roque Petroni Junior após o expediente, fazendo um happy hour para poder ir embora sossegados, mas, naquele dia, justo naquele dia ela tinha me dado um fora. Tá certo que nem sempre se ganha, só que ela foi sacana.
Mike tentava fazer o estilo “conselheiro” da vida, falava, falava, falava e falava, mas não ajudava. Já disse que ele era um daqueles patetas de academia?

            Não sei se sou eu que fico puto à toa, mas, ela acabou de cair no meu conceito, pessoas assim... Deixa pra lá. “Garçom, a conta!”

A arte da Vingança

domingo, setembro 9


Deixa pra lá, ia contar uma das minhas histórias, mas a vida tá foda... Não que eu não goste deste status de “Wolf”, mas é que uma hora ou outra enche! Com quantas fiquei? Com quantas dormi? Com quantas posso contar agora?
Não... Isso tá errado! Mas assim, deixa quieto vai. Vou ficar falando aqui e atrapalhando o role dos outros, falando nisso, Michelle e Demian estão atrasados e Mike já está ficando bêbado.

“Boa noite, senhores.”, num tom frio único, Demian se fez presente, ao lado dele, sua amiga inseparável praticamente irmã, Michelle a loura mais linda da face da Terra que nunca me dera bola... É a vida, fazer o que.
Mike levantou-se em menção de cumprimentar Demian, mas este se despediu de Michelle e saiu pela porta da frente do bar onde estávamos. Eu apenas levantei pra cumprimentar Michelle que me disse um “Oi, Matt” já que ela se recusava a me chamar de Wolf, dizia que era muito pra minha moral, que eu já tava me achando por causa disso.

Noite longa Mike e Michelle ficaram conversando boa parte da noite, eu fiquei sentado na minha cadeira ouvindo o barulho de burburinhos das outras mesas e os dois prestes a se “pegarem” na minha frente. Michelle estava um tanto quanto saidinha, usando um vestido preto colado, sapatos de salto alto pretos, o cabelo louro bem arrumado caindo sobre os ombros e em cima do decote generoso do vestido.
Mike é um desses palhaços de academia, do tipo sem cérebro, totalmente e literalmente. Sua irmã Anne iria aparecer mais tarde, pensei em como poderia aproveitar isso para irritar Mike, assim como ele me irrita agora.

Passava das duas da manhã, o dono do bar abriu a área do Karaokê, Mike foi o primeiro da fila, “o que uns shots de Tequila pura não fazem com um homem...” pensei, e logo lá estava o bombado cantando Macarena. Sim, era uma cena única e sim, eu estava rindo tanto quanto Michelle.
Deu uma meia-hora dele cantando, tudo errado, diga-se. Ele tava indo escolher outra música, Anne entrou pela porta da frente rindo, e acenou para nós na mesa.

“Hey, Anne! Você está muito bonita nesse vestido hein...” Anne riu-se, toda encabulada, Mike deu uns tapinhas no meu ombro e disse algo sobre eu pegar leve. Michelle chamou Anne para se sentarem próximas e ficaram conversando.
Pronto, agora eu tava ferrado! O dono do bar apareceu, devia ser por volta da meia noite, disse que iria começar o “baile”, chamou o DJ e o cara colocou uma música animadinha pra começar a noite. Mike agarrou Michelle e saiu para pista. Anne ficou olhando-os dançar, eu levantei e sentei do lado dela, de forma que conseguisse cochichar em seu ouvido.

“Sobre o que eu disse mais tarde, desculpa, se tu achou ruim eu nem brinco mais.” Anne riu novamente, disse-me que estava tudo certo. “Bom, já que tá tudo certo, tu fica linda nesse vestido... Mas e fora dele?” Ela só olhou pra mim pegou sua bolsa, levantou e saiu porta a fora.
 Um minuto depois recebo uma SMS dela, com os dizeres: “Vai me deixar ir embora sozinha, a pé, numa noite escura e fria?” Sai correndo pela porta do bar, e lá estava ela, no banco do passageiro do meu Veloster preto.

Emoções

sexta-feira, agosto 31

Deixei de acreditar quando me dissestes que era real.
Passei a viver, e só então aprendi a chorar
Dei de cara com a tristeza
Troquei sorrisos com a alegria
Abraços com a felicidade
E...
E beijos com o amor.

Dei voltas no ar, com a imaginação
Criei feitiços com a fala
Cativei pessoas com meus passos liderando-os
Amei pessoas, apenas com o olhar.

Olhei o futuro, e eis que ele se mostrou luz
Nada mais quis ver.

Deixa de lado.
Esquece.

Deixei de acreditar quando me dissestes que gostavas.
Passei a viver isso.

Não há sentido.

segunda-feira, agosto 20

Tudo esquecido
Tudo adormecido
Tudo indo por água abaixo

E lá estão as chamas
Não há calor maior
Nem chama maior

Lágrimas voam, sentimentos explodem
Não.
Não tem quem entenda.

Não entenda uma explosão
Muito menos quando ela é assim
Bipolar.

Acontece, apenas acontece.
E dela surgem outras
Outras que surgem.

Minha mente se torrando
Torrando todo o meu consciente
Torrando meu corpo enterrado

Por que?

Fim.

Ab imo corde
Ab imo pectore
Ab initio
Ab uno discant omnes
Bonus quilibet praesumitur

Castigo

domingo, agosto 12


É estranho definitivamente estranho.
Tudo se perde numa escuridão sem fim
Enfim, trago ar poluído aos pulmões
E o expulso ao expirar.
É, é tudo muito estranho.

Minha vida tem sentido?
Tem cor?
Tem amor?
Penso isso
Enquanto bebo

Trago o álcool aos meus rins
E castigo-os.

Arranjo uma briga
Quebro ossos
E castigo meu corpo.

Beijo e depois sou largado
Castigo meu coração.

Amo.
Castigo meu coração.

Te olho
E castigo meu coração.

Devaneios

sábado, agosto 4

Olhe para a Lua... Veja como ela brilha esta noite. Repare e pare, pense e repense... Todo o brilho da lua se dá pela união que ela fez com o Sol. Não fosse o brilho do outro o um não existia. Então veja, o Sol deixa a Lua brilhar, e a mesma Lua, aparece ao lado do Sol quando este brilha. Pois é assim, uma harmonia.

Ruina

As fortalezas se perderam. Os castelos ruíram.
Deixaram-na sem sua coroa,
Deixaram-na sem sua majestade.
Seu sistema falira.

Seria certo ou errado?
Aplicar-se-á um golpe em um Estado.
Logo seu sistema ruíra.

Ruínas, despidas, cuspidas
E profanadas.
Profanas também.

Olhai, olhai ó bravos
E escravos homens
Vejam, o golpe
Que dar-se-á em vosso Estado.

Sucumbiram, caíram, faliram.
Ruíram. 

Mas que sorte!

quarta-feira, agosto 1


Quebrado, sem dinheiro e com uma forte dor de cabeça.

- Graaaaande jeito de acabar a noite hein amigão!
Não enche – Retruquei, Marco era um cara legal, porém quando bebia tornava-se um chato de primeira linha.
- Qual é Matt! Sai dessa! Tá ai, mó cara de... (pigarreia) Enfim, vamos beber mais ou a garotinha tem hora pra ir pra casa?
Não enche! – Respondi com vigor desta vez.

Marco andava bebendo há dias e eu decidira o acompanhar para ver o quanto eu era capaz de aguentar, bobagens  de jovens, porém, ele era um “sem noção”. Nunca pararia de beber, enquanto tivesse dinheiro, e quanto mais bebia mais valente ficava.
De repente, vejo Marco caído no chão alguns metros atrás de mim, e dois caras parados na sua frente.
“Merda Marco!” – pensei.
Corri para ver o que acontecia, um dos homens puxou uma faca daquele estilo canivete, dobrável e prática. Pude ver poucos passos antes, minha reação foi dar um pulo e acertar um soco nele. Pois foi o que fiz, ao aterrissar levei um murro na cara que me apagou.

Acordei na Delegacia, estranho como tudo nessa porcaria de cidade acaba em uma delegacia.
- Expliquem-me, o que aconteceu exatamente?
- Bom, seu Delegado, foi simples eu tava aqui com meu amigão, o Matt [Eis que Marco ainda não se curou do pileque], e esses caras chegaram falando que era um assalto e eu reagi, ai o cara me deu um soco com um negócio de metal na mão.
- Bom, e você, o que diz?
Não sei de nada não, doutor – Limitei-me a responder isso, quaisquer palavras erradas que eu pronunciasse iriam me levar pra cana.
- Tá certo, tá certo... Vou precisar de um apoio pra poder liberar vocês, rapazes... Sabem que essa história ai é da muito mal contada e não há nada que não me detenha de deter vocês... HA HA HA!
Excelente trocadilho doutor, Marco, dá um dinheiro pro delegado pau no... (pigarreia) e vamo embora logo – ordenei, com voz vivaz, tênue e calma. Marco esvaziou-me os bolsos e esvaziou os bolsos dele, demos quinhentos reais pro delegado, que nos foi muito boa praça e cedeu uma escolta.
Escolta esta que nos deixou em frente a um estádio de futebol, logo após pararmos em uma rua deserta e apanharmos, apanharmos feito ladrões dos policiais.

Eis que estou quebrado, sem dinheiro e com uma forte dor de cabeça.

Carinho

quarta-feira, julho 25

Maldições.
Imperativos.
Conselhos.
Tudo pro espaço.
Que se dane.

Que se dane.
Dane-se o mundo
Dane-se o futuro
Dane-se tudo

Já que quero você aqui
Aqui, do meu lado.
Aqui, ao meu lado.
Aqui, junto a mim.

Comigo, sempre
Sempre ali
Para que eu proteja
E cuide

Cuide até me cansar
Cuide até me envelhecer
Apenas, cuidar de ti.

Inacabado - VII

terça-feira, julho 24


Porque é tão importante na vida humana ter um(a) companheiro(a)?
Assim começava o artigo do jornal matinal que resolvi ler enquanto Giovana prepara seu suco de laranja. Não que isso fosse um ritual de todos os dias, mas, era comum ao menos uma vez ao mês que estivéssemos os dois acordados de manhã antes do trabalho em casa e dispostos a sentar na mesma mesa.

Um ano e meio morando juntos e já não aguentávamo-nos mais, culpa de nossas rotinas estressantes é verdade. Gi trabalha como publicitária em uma agência famosa, aliás, é a assistente do dono. E eu sou um delegado de uma das piores DPs de São Paulo. Bom, melhor voltar a ler o artigo.
“É algo estranho, nos casamos após sairmos do colégio e nunca tínhamos nos olhado antes”.
Depoimento de alguém que realizou um sonho é verdade. Dizem que a melhor época pra encontrar alguém para casar e constituir família, é a juventude inicial, a adolescência nos Colégios. Bom, conheci a Gi na  faculdade. Tínhamos um amigo em comum, saiamos pras mesmas baladas, começamos a nos falar e aí, aconteceu.

“Querido, pode me passar a manteiga? Querido... Querido?!” – Desculpe, respondi enquanto dava a manteiga a ela. Minha concentração naquele pedaço de papel de má qualidade era algo que irritava. Ela odiava que eu lesse durante o café da manhã, mas não falou nada.
Linda, uma reportagem diz que nós só nos relacionamos por falta de um sentimento próprio de compaixão total. Giovana bate forte com suas mãos delicadas em cima da mesa de vidro – receio que a força tenha sido o suficiente para trincar o móvel – enquanto exclama: “Besteira! Nós relacionamos porque gostamos de nos relacionar, relacionamo-nos porque queremos prazer. Deixe de ser idiota Matt!”.

Um acesso de raiva, quanto tempo não à via assim. Gi era apaixonada por natureza, sua mãe a criou com o pensamento “case, case e tenha família. Você será feliz assim”. Eu fui criado do jeito comum, case se tiver a chance, se achar a pessoa certa.
Gi era a pessoa certa, mas eu temia não ser o certo para ela. Ela saiu pra trabalhar, não disse nem sequer um tchau. Certo... Devo ir embora também. Coloquei minha camiseta preta com os dizeres “Polícia Civil” nas costas e o colete à prova de balas por cima. Arma, distintivo, chaves, óculos escuros. Tudo certo.

Entrei no meu Corolla e andei pela rua, devagar, sem pressa. O farol ainda estava vermelho, então eu fui indo devagar para que quando chegasse lá ele já estivesse aberto. Deu certo, acelerei para atravessar a avenida. Dois quarteirões na mesma rua virei à esquerda para fazer o retorno e voltar à avenida para ir ao sentido certo, dois carros me acompanham.
Acelerei, sem olhar pra frente, concentrado nos carros que estavam atrás de mim, os dois começaram a disputar uma corrida e eu estava no meio do percurso. Sem olhar pra frente, não vi o caminhão da Eletropaulo que estava reparando a fiação elétrica.

E eu nunca pude dizer a Giovana, que queria casar com ela.


Juras.

domingo, julho 22

Suas juras de amor eterno se foram.
Se foram assim como sua máscara.
Mascarada, fiel, ingrata.
Graças, graças a Buddha que não estás mais aqui

Sinto, sinto que me quebras
Cada memória
Cada história
Cada oratória
Oratória, ora ora, que servia de show
Para que fingistes
Amar.

Mil juras de paixão
Mil juras de traição
Duas mil maleficências
Três mil facadas pelas costas.

Traído, traidor, traidora
Estás aqui para que?
Que juras ainda não fez?
Que juras ainda quer fazer?

Suma, apenas jure que sumirá.
Faça apenas a jura de desaparecer.

Redenção (ou Dois Goles)


 Antes de lerem este texto, quero que saibam que ele é um texto feito a partir de outro, de meu amigo, Kleberson Carvalho. Para entender completamente este texto, leiam antes esse: http://bit.ly/cronicest
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Dois goles, e minha dose de uísque, se foi... A noite parece ser longa demais quando se aguarda uma ligação. O uísque não mais queima minha garganta, já fui amaciado o suficiente por essa bebida e muitas outras. Algo me dizia que Demian iria tardar a me ligar. Demian Sette, o louco escritor que eu era fã e que poderia considerar um amigo, já que ele entende minhas mazelas e até partilha de uma delas.
Hoje era sua redenção. Não importavam as consequências, a redenção no final era o importante para ele – E para mim, já que eu participaria de sua redenção e faria a minha própria – e assim seguiria a noite, resumida em uma única palavra: Redenção.

O silêncio imperava naquele carro, Demian estava apagado no banco do passageiro, acabávamos de voltar de uma sessão de autógrafos seguida de uma noitada, como eu sempre fui acostumado a vida noturna e posso dormir três horas por noite e estarei descansado, dirijo. No porta-malas do carro – Um Veloster – estão os preparativos da redenção de Demian.
Nada poderá tirar essa confusão que há em minha mente agora... Sentimentos de certo, confusos. Uma noite intrínseca para nós e que será indelével para a história de nossas histórias.

Deixei Demian no seu habitat, sabendo que seria a última vez que o veria. Acelerei fundo, quanto maior fosse minha distância dali, melhor seria para mim. – Bom quem sou eu? Meu nome, Wolf. Minha idade? Na casa dos vinte. Estatura mediana, porte físico razoável. Em contraste a Demian, que tem sua tatuagem Rape The Life, seguindo sua própria filosofia, eu tenho tatuado em minhas costas Pray to Buddha lembrando-me da filosofia da arte que pratiquei durante anos, o Muay Thai. – Acelerei e parei no bar de costume, pedi o de sempre, uma dose de uísque.
Tudo o que tenho que fazer é esperar a ligação de Demian no fim da noite, para começar minha Redenção. Minha camiseta branca  deixa a mostra minha arma no coldre em minhas costas, enfiado por dentro da minha calça. Parece que quando se está armado, se tem um efeito hipnótico sobre si. Todos no bar me olham estranho.

Enquanto eu bebo, Demian deve estar arrebentando garrafas ou fumando e bebendo, não sei ao certo. Não entendi nada de seu plano. Só sei que deveria começar minha redenção assim que ele terminasse a dele, era Outubro novamente, todo outubro, nesse mesmo dia, chove a mesma quantidade e na mesma intensidade. Tirei um ipod do bolso, coloquei os fones em minhas orelhas e os afundei, para que chegassem o mais próximo o possível de meus tímpanos. Percorri as playlists e deixei tocar uma de harstyle.

Nada de Demian ligar... Quanto tempo mais eu deveria esperar? Pensei em ir para lá, mas não, não era o que ele queria. Seu plano era pra ser executado sozinho. Saí do bar com uma garrafa de Jack Daniels, um copo, um fone fora de minha orelha. Entrei no carro, sentei, girei a chave no contato servi uma dose generosa no copo, abri os vidros do carro. Sorvi aquela dose de forma lenta e calma, engatei a primeira marcha, joguei o copo fora pela janela e pude o ouvir estalando e quebrando ao entrar em contato com o asfalto, acelerei e peguei a garrafa para tomar pelo gargalo.

Uma reta era o que eu via em minha frente, uma reta. Nenhum carro, nenhuma pessoa, não havia o que me impedisse de dirigir e beber. Girei a garrafa em minha mão direita, passei-a para a mão esquerda, destampei e bebi um belo gole pelo gargalo da garrafa e a arremessei para longe. Acelerei mais, fui o mais distante possível – ou o local mais distante que me agradara –.  
Parei quando cheguei a uma colina, uma árvore ao meu lado, e de lá, podia ver parte da cidade. Meu telefone vibrou em meu bolso. Apertei a tecla “send” e levei-o para a orelha sem fone – a orelha direita – pude ouvir uma curta frase: “Está feito.” Em seguida, os toques de ligação encerrada. Abri o porta-malas e peguei um galão onde estavam dois litros de gasolina. Derramei-os pelo carro todo, interior e exterior, tirei com minha mão direita, do mesmo bolso que o ipod, um isqueiro prata, brinquei de acender e apagar um pouco com ele. Encostei o isqueiro no capô do carro e rapidamente começou o fogo, joguei-o pela janela do carro à dentro e começou o fogo interior.

Tirei minha arma do coldre em minhas costas – com minha mão esquerda – uma Glock 9 MM nova, destravei, verifiquei o pente de balas, havia a quantidade certa. Engatilhei-a... Dei dois passos para trás, ficando quase à beira da colina, encostei o cano da arma em minha têmpora esquerda, depois em meu maxilar e por fim, no céu da boca. Puxei o gatilho.

Eis o começo de minha Redenção.

(In)Acabado - VI

sexta-feira, julho 20


Tudo o que pude fazer para ajudar foi pífio, queria ter tido a chance de ter  o salvado. Seria o trunfo, melhor, triunfo da minha amizade com ele. Bom, filho da mãe tem em qualquer lugar só que um do nível do cara ai... Pô é sacanagem!
O pior de tudo, é que esse ai é meu irmão. Scott bateu seu carro e agora tá ai, nessa cama de hospital... Porque o deixei, por quê? Bom, ficar me culpando agora não vai adiantar muito.

Homenagens pra ele já estão sendo feitas pela família. Bando de hipócritas! Deveriam virar latas de sardinha ou sardinhas em lata, sei lá.

Mark. Qual o estado dele?
Melhor do que você gostaria Angell.
Credo Mark! Eu, apesar de não aprovar o relacionamento dele com minha irmã, não quero vê-lo morto. Principalmente agora.
Por que “principalmente agora”?
Minha irmã está grávida do Scott, cinco meses.
Oi?! Como ela pode estar grávida e não ter contado ao Scott, Angell?
Foi por isso que ele veio pra cá, Mark, pra saber da notícia... Nós fizemos uma ligação e pedimos pra ele vir com a máxima urgência, só que, aconteceu o que aconteceu.
Mas que merda, Angell! Se alguma coisa acontecer, se Scott morrer... Olha, não respondo por mim!

Passaram-se três meses, Scott faleceu e seu filho faleceu. Mark decidiu cortar todas as relações com Olga, Angell e o bebê, porém algo não deu muito certo. Olga veio a falecer e Angell decidira dar a criança a alguém que pudesse cuidar já que ela não conseguiria muito, pois não possuía recursos financeiros para tal fim. Eu fui escolhido... Eu!
Angell só esqueceu-se de uma coisa, eu prometi a mim mesmo que meu irmão não iria morrer e apenas eu sofrer... Ela se esqueceu de que Eu pretendo ter vingança. Vingar-me dela e de sua falecida irmã, por tirarem a minha família de mim. 

Farsa

terça-feira, julho 17


Chove lá fora
Jovem pelo lado de fora
Senhor por ai afora
 De fora a fora se mostra
Uma amostra de personalidade.

Face de uma múltipla
Face. 
Perfeito, seu reflexo
Sem nexo o seu pensamento. 

Se viesse a ter
E se ater
Veria a chuva lá fora.
Afora de fora a fora
Chove ácido.

Ácido e plácido 
Ele se move por ai
Se mostrando, a face de várias faces
Uma face
De uma farsa.

Caminho.

domingo, julho 15


Você já se apaixonou?
Já sentiu algo por alguém que nunca conversou?
Já pediu pra alguém falar de você para alguém
Só pra saber se essa pessoa gostava de você?

É isso que se faz quando se está gostando de alguém
Pelo menos eu faço isso
Faço isso porque sou tímido.
Mas será que faço certo?

Deveria falar com você!
Deveria ser assim
Eu falo com você por indireta
E você me responde reta

Porque você deve entender
Que eu gosto de você.
É estranho, estranho de fato
E por isso confesso. 

Confesso que faço o que faço
Para ver o que terei em troca
Mas deixe-me ser claro
O caminho será esse
Planos se farão e a realizarei-os
Para ver onde posso chegar

E ver, ver se
Em você chegará. 

(In)Acabado - IV

sexta-feira, julho 13


Uma estrela, uma estrela no céu.
Uma estrela que brilha um brilho cor de sangue.

Merda. Tem sangue escorrendo sobre meus olhos, mal sinto minhas pernas e meus braços? Pff... Esquece. Bom, ao menos, o carro não está numa vala ou num rio ou até em uma encosta, né? – Faz-se ouvir um estrondo metálico e o carro desliza para frente, mostrando um caudaloso rio ao fim da encosta. –
Mas que MERDA! Eu e minha boca grande! Cadê aquela estrela agora? Ah, ali. Tomara que os bombeiros a sigam... É o único referencial que eu tenho/tinha para dar a eles. – Adormece –

Olá Scott, como vai?

Hm.. Hein?! Onde estou e quem diabos é você?

Chamam-me de estrela, astro, corpo celeste... Mas o meu nome mesmo é Kim, e cara... Tu tá mal! Olha quanto osso quebrado... Esse corte na sua testa, meu Deus... Não sei como alguém consegue sobreviver com tanta dor, vejamos o que aconteceu para você ficar assim.

Eu estava dirigindo, drogado, sob o efeito de rebites para me manter acordado, a caminho da casa da minha cunhada, para saber de minha esposa... Que se parece um tanto contigo. Disseram-me que minha esposa, Kate, estava prestes a falecer e sai o mais rápido que pude. Na estrada, antes de fazer a curva para entrar na descida ao continente, avistei três pessoas e um cavalo, freei o carro, mas ele não respondeu e logo atropelei o cavalo. Perdi o controle da direção e aí, só lembro-me de acordar, ver uma estrela e sangue começar a escorrer pelo meu rosto. Fora perceber que estava todo quebrado e ter, por milagre, conseguido ligar para os bombeiros.

Triste história, Scott. Bem, logo tudo estará bem. Lembre-se de olhar para a estrela. – Começa a sair andando numa névoa que se instala no local onde está. A visão de Scott escurece gradativamente –

Espere! Kim! O que irá acontecer comigo?! Kim! Kim! KIM! MAS QUE MERDA! 
Adormece –

(In)Acabado - III


Estou bêbado, sim, estou... Mas que se dane! Só quero afogar as mágoas, quero afoga-las num copo de uísque que seja!
Tá, to exagerando... Mas... Mas... – Começa a chorar – eu perdi tudo! Tudo num jogo maldito de Black Jack (o famoso 21)... Antes disso, ainda tive que ouvir minha esposa no telefone me dando bronca... MINHA ESPOSA! Meu Deus! O que falarei pra ela? Tenho que bolar algo rápido.

Mal consigo andar numa linha reta, ou seja, a bebida tá fazendo efeito e um sério efeito. Hum... O que será aquilo ali atrás daquele poste? Um vulto preto passou por cima de mim ou foi só impressão? – Cai em uma poça d’água – Mas que... O que é isso? Parece-me um bilhete de loteria... PUTA MERDA! UM BILHETE DE LOTERIA! Tenho que ir conferir o resultado agora! Se isso aqui for premiado, devo ganhar uma bolada! HAHAHA! Adios problemas!
Táxi! Ei! Táxi! – Leva um chute nas costelas do lado esquerdo do tronco – Mas o que?! Quem é você?! O que queres? Dinheiro? Não tenho nada! Como deve perceber, estou falido! FA-LI-DO!

Depois de algumas horas lutando com sombras, Jon se encaminhou a uma casa de apostas, a fim de conferir seu novo bilhete de loteria. Para sua surpresa, o bilhete estava premiado com cerca de 100 mil libras. Isso era um tanto quanto reconfortante para ele, não comprara o bilhete, que custava algo em torno de 3 xelins e ainda ganhara um prêmio de 100 mil libras! Era seu dia de sorte!
Ah! Mal creio nisso! CEM MIL LIBRAS! ISSO É DEMAIS! DEMAIS! Onde tem um telefone aqui? Alô? Querida! Estamos ricos! Ganhei 100 mil libras na loteria! Não... Não... Eu te explico quando chegar me espere, já estou quase na rua de casa ok? Beijos.
Bom, melhor ir indo mesmo. – Saiu porta a fora, dois passos após virar a esquina, Jon leva um tiro. Não se vê o atirador. – Mas hein?! Onde estou?! – Jon acordara na porta do boteco onde passou a noite bebendo, após ser expulso do cassino. – Oh não! Não acredito! Estou falido, quebrado, o que mais me falta acontecer? – Jon olhou para o chão, exatamente para uma poça d’água no meio-fio e se deparou com um bilhete da loteria...

(In)Acabado - II

quarta-feira, julho 11


E lá vem ela, passos firmes com sua bota de salto alto... 1... 2... 3... E passou por mim, tudo o que disse foi o cordial Bom Dia de sempre. E lá foi ela, pelo corredor a fora... Virou a esquerda e pronto, entrou no elevador. Deve estar indo pro quinto andar, reuniões e mais reuniões...
E eu? Bom, eu to aqui sentado na frente desse computador escrevendo HAIKAIS porque meu chefe pensa que minha capacidade  mental não é apta para o cargo que possuo... Tirando toda essa baboseira poética e bonitinha, ele me acha um retardado. Pronto, falei.

Dia 2... De novo ela passa por mim e diz bom dia e caminha para o elevador. Bem que me disseram que trabalhar nessa redação ia me deixar louco... “Michael, me trás um café?” Michael é o cara do café. Acho que é o único aqui com quem falo e o único que sabe que eu gosto da Natália. Chefe Natália na verdade... Bom, vou voltar a editar meu relatório novo e a escrever meus HAIKAIS.

Dia 3, e, bem... Fui demitido.
Culpa da Natália... Me chamou por volta das 7h da noite, todo mundo já tinha ido e eu só tava terminando meu relatório, última página e ela me chamou... Entrei na sala dela, bati forte a porta – culpa do nervosismo – ela pediu pra que eu sentasse na cadeira que tava na frente dela, obedeci.
Eu achei que ia rolar algo... Mas, na real, ela disse que eu estava demitido por improdutividade, e que meu computador tinha mais HAIKAIS do que uma livraria chinesa.

Dia 4. Natália amanheceu com o seu celular se esgoelando de tanto tocar, o prédio da empresa havia sido vítima de um incêndio.

(In)Acabado


Cada gota do seu suor sobre mim, cada vez que respiras, cada vez que piscas, eu sinto em minha pele. Sua voz ecoa em minha mente, parece que sinto cada corda vocal vibrar em meu tímpano.

Conhecemos-nos como? Pergunta que permanece sem resposta depois de muito tempo... É ainda irei descobrir isso. Mas, cada vez que pisco ou fecho meus olhos posso te ver, o movimento do seu andar, seus cabelos compridos e negros.

Cada dia que se passa é demasiado pesado para que eu leve-o sem você aqui, pra me ajudar.

No fim, eu fiquei e você se foi.

Anos passaram e nem notaram, o quanto e o tanto que mudamos e amamos. 
Provavelmente porque você sempre se abatera, sempre quisera parecer fraca e desastrada. Você adoeceu, é verdade... Mas isso? Isto é demais!

Deixar-me, tudo bem, eu esperava isso de quem sequer conseguiu cuidar de um hamster, mas partir sem ao menos explicar o porque?
Nessa e naquela de não saber o que acontece, vou te deixando pra trás. Com o coração em cacos, isso é verdade! Porém, é a vida e assim se vive! Não me procures não me chames não me  ames.

É o fim.

O Fim.

Louco.

sexta-feira, julho 6

Nem sempre é algo bom. 
Nem sempre é uma notícia boa.
Mas sempre é, sempre é uma bela moça.

Me diga, numa boa
Qual o sabor de sua boca?
Será o mesmo do teu corpo?

Desculpe o jeito rude, é que fico 
E até evito
Mas não consigo.
Tu me deixas louco. 

Oco, cérebro oco.
Porque te disse logo
Quando o plano
Era de louco? 

Pouco. Muito pouco.
Entendo tudo isso quase como um louco.
Mas, volto ao foco
E pergunto
Qual o sabor da sua boca?

Certezas.

sábado, junho 16

É certo
É certo como eu vejo em ti um porto seguro
um porto seguro que me dá muito mais que segurança, me dá paz
E isso, isso é lindo.

Nenhum Caio F. Abreu poderia te descrever
Descrever como tu pensas ou como ages
Tu és única e bela, na sua simplicidade
Tu és motivo de alegria

Mas às vezes és motivo de tristeza

Tristeza porque não me entende
Tristeza porque não me dá valor
Tristeza porque não me escutas
Tristeza porque não me deixas nada fazer
Tristeza porque não sou mais o motivo do seu sorriso

Nada, mas nada disso me importa agora
Terei seu sorriso de volta
Terei sua preocupação

Lhe reconquistarei, a cada dia.