Antes de
lerem este texto, quero que saibam que ele é um texto feito a partir de outro,
de meu amigo, Kleberson Carvalho. Para entender completamente este texto, leiam
antes esse: http://bit.ly/cronicest
----
Dois
goles, e minha dose de uísque, se foi... A noite parece ser longa demais quando
se aguarda uma ligação. O uísque não mais queima minha garganta, já fui
amaciado o suficiente por essa bebida e muitas outras. Algo me dizia que Demian
iria tardar a me ligar. Demian Sette, o louco escritor que eu era fã e que
poderia considerar um amigo, já que ele entende minhas mazelas e até partilha
de uma delas.
Hoje
era sua redenção. Não importavam as consequências, a redenção no final era o
importante para ele – E para mim, já que eu participaria de sua redenção e
faria a minha própria – e assim seguiria a noite, resumida em uma única
palavra: Redenção.
O
silêncio imperava naquele carro, Demian estava apagado no banco do passageiro,
acabávamos de voltar de uma sessão de autógrafos seguida de uma noitada, como
eu sempre fui acostumado a vida noturna e posso dormir três horas por noite e
estarei descansado, dirijo. No porta-malas do carro – Um Veloster – estão os
preparativos da redenção de Demian.
Nada
poderá tirar essa confusão que há em minha mente agora... Sentimentos de certo,
confusos. Uma noite intrínseca para nós e que será indelével para a história de
nossas histórias.
Deixei
Demian no seu habitat, sabendo que
seria a última vez que o veria. Acelerei fundo, quanto maior fosse minha
distância dali, melhor seria para mim. – Bom quem sou eu? Meu nome, Wolf. Minha
idade? Na casa dos vinte. Estatura mediana, porte físico razoável. Em contraste
a Demian, que tem sua tatuagem Rape The
Life, seguindo sua própria filosofia, eu tenho tatuado em minhas costas Pray to Buddha lembrando-me da filosofia
da arte que pratiquei durante anos, o Muay Thai. – Acelerei e parei no bar de
costume, pedi o de sempre, uma dose de uísque.
Tudo
o que tenho que fazer é esperar a ligação de Demian no fim da noite, para
começar minha Redenção. Minha camiseta branca
deixa a mostra minha arma no coldre em minhas costas, enfiado por dentro
da minha calça. Parece que quando se está armado, se tem um efeito hipnótico
sobre si. Todos no bar me olham estranho.
Enquanto
eu bebo, Demian deve estar arrebentando garrafas ou fumando e bebendo, não sei
ao certo. Não entendi nada de seu plano. Só sei que deveria começar minha
redenção assim que ele terminasse a dele, era Outubro novamente, todo outubro,
nesse mesmo dia, chove a mesma quantidade e na mesma intensidade. Tirei um ipod
do bolso, coloquei os fones em minhas orelhas e os afundei, para que chegassem
o mais próximo o possível de meus tímpanos. Percorri as playlists e deixei
tocar uma de harstyle.
Nada
de Demian ligar... Quanto tempo mais eu deveria esperar? Pensei em ir para lá,
mas não, não era o que ele queria. Seu plano era pra ser executado sozinho. Saí
do bar com uma garrafa de Jack Daniels, um copo, um fone fora de minha orelha.
Entrei no carro, sentei, girei a chave no contato servi uma dose generosa no
copo, abri os vidros do carro. Sorvi aquela dose de forma lenta e calma,
engatei a primeira marcha, joguei o copo fora pela janela e pude o ouvir estalando
e quebrando ao entrar em contato com o asfalto, acelerei e peguei a garrafa
para tomar pelo gargalo.
Uma
reta era o que eu via em minha frente, uma reta. Nenhum carro, nenhuma pessoa,
não havia o que me impedisse de dirigir e beber. Girei a garrafa em minha mão
direita, passei-a para a mão esquerda, destampei e bebi um belo gole pelo
gargalo da garrafa e a arremessei para longe. Acelerei mais, fui o mais
distante possível – ou o local mais distante que me agradara –.
Parei
quando cheguei a uma colina, uma árvore ao meu lado, e de lá, podia ver parte
da cidade. Meu telefone vibrou em meu bolso. Apertei a tecla “send” e levei-o
para a orelha sem fone – a orelha direita – pude ouvir uma curta frase: “Está
feito.” Em seguida, os toques de ligação encerrada. Abri o porta-malas e peguei
um galão onde estavam dois litros de gasolina. Derramei-os pelo carro todo,
interior e exterior, tirei com minha mão direita, do mesmo bolso que o ipod, um
isqueiro prata, brinquei de acender e apagar um pouco com ele. Encostei o
isqueiro no capô do carro e rapidamente começou o fogo, joguei-o pela janela do
carro à dentro e começou o fogo interior.
Tirei
minha arma do coldre em minhas costas – com minha mão esquerda – uma Glock 9 MM
nova, destravei, verifiquei o pente de balas, havia a quantidade certa.
Engatilhei-a... Dei dois passos para trás, ficando quase à beira da colina,
encostei o cano da arma em minha têmpora esquerda, depois em meu maxilar e por
fim, no céu da boca. Puxei o gatilho.
Eis
o começo de minha Redenção.