História de Amor - IX

domingo, maio 27


Tudo ficou escuro. Levei um tiro no peito, Blair acabou sendo atingida na cabeça.
Não vi nada disso, todos os eventos que aconteceram depois que fui atingido, foram relatados a mim por meu amigo Demian, também policial. Minha sorte, disse ele, era que eu nunca saia de casa sem usar o colete à prova de balas.

Fechei os olhos, queria poder sair dali, morrer até se fosse pra encontrar Blair. Demian não me disse se ela estava viva ou morta, mas eu acreditava no impossível, ela havia de estar viva, uma pequena porcentagem de pessoas já sobreviveram a tiros na cabeça, ela poderia também. Isso me mantinha confiante.

Como efeito da sedação, dormi o resto da noite, Demian disse-me que voltaria no fim da semana pra me buscar, pois o médico deveria me dar alta. Dia 21 de Novembro, é a sexta-feira que devo ter alta, mas, preciso de notícias de Blair.
Na manhã seguinte, levantei-me e sai da cama onde estava com muita dor no local onde o tiro pegara. Um tiro de calibre 12 de uma SPAS 12 é quase que o mesmo que levar um golpe de um bastão de beisebol à 200 km/h, a maioria dos coletes não o pararia, mas por um milagre, isso não aconteceu comigo.

Demian havia deixado uma mochila com alguns pertences meus no quarto onde eu estava, para minha sorte, ou apenas uma suspeita dele que eu iria fugir, havia roupas, colete, meu distintivo e uma Glock 21 e alguns pentes de munição .45 ACP.
Vesti-me, equipei o colete e a arma, coloquei o distintivo e sai para o corredor, o médico plantonista não efetuou nenhuma manobra pra me impedir. Apenas disse que eu deveria tomar cuidado, pois qualquer outro ferimento na região do impacto do disparo anterior poderia me causar uma hemorragia interna.
“Não me importa muito, se Blair estiver morta, eu morro.” Dito isso eu sai para o estacionamento, fui até um telefone público e liguei para Demian. “Você pode me dizer onde ela está?”
“A questão é, você realmente acha que quem está ao seu lado, realmente está? The Rabbit Hole goes deep down.” Essa era a resposta que não queria ouvir, Demian e eu tínhamos um código, quando eu estivesse em encrencas ou muito ferrado deveria achar um jeito de dizê-lo que cai no “rabbit hole”. Expressão comum para quem foi aficionado por alguns jogos.

“Por que, Demian?” não tive uma resposta dele, e sim o som de quando transferem sua ligação.

Liguei para o escritório, pedi que fizessem uma busca pela Blair no sistema de registro de emergência de todos os hospitais possíveis, e nada. Demian é o único que sabe onde ela está, pois foi o primeiro a chegar ao local.

E como vou a achar agora?