GAMX - Introdução

domingo, setembro 30


- Qual era mesmo?
         - Qual era o que, Matt?
         - Nada não, deixa pra lá.

Eu estava perguntando para a recepcionista do escritório o nome da música que ela havia me mostrado há uns trinta segundos, mas... Bom, ela não é aquele tipo de pessoa que tem uma memória incrível.
                  
                  - Wolf, no meu escritório, agora!

Pelo tom agudo do grito era minha chefa, Suzane, a fim de me dar uma bronca por algo que eu provavelmente deixei de fazer. Tem sido assim, nós últimos três meses pelo menos... A narcolepsia é algo comum na minha vida agora. Vejamos desde meus doze anos de idade sofro de uns surtos desse distúrbio neurológico, mas, agora ele está pior.
         Caminho com passos demorados e tranquilos, até o escritório de Suzane, paro e olho, para meus sapatos recém-engraxados, ajeito minha gravata, dou uma leve respirada e sigo andando. É engraçado como quando se sabe o que acontecerá você tende a ter uma postura “desleixada”, assim digamos, e passa a irritar ainda mais quem já está irritado, no caso, a Suzane.
     
          - O que aconteceu Suzane?
                   - Simples. Wolf, o CEO quer que você vá para a Pensilvânia, para assumir o cargo de Gerente-Regional. O que me diz?
                   - Por que ele está me mandando e não manda você? Você é a que tem o posto mais alto aqui, e pelo que sei você vem tentando a vaga de Gerente-Regional tem algum tempo!
                   - Wolf, é uma ordem do CEO, não questiona e faz!

Suzane tinha uma argumentação tão boa, que certamente ganharia um debate político com três ou quatro palavras. Bom, isso é tudo muito legal, falei de minha vida, falei o que ia acontecer, mas tem pontos não explicados, certo?
         Vamos do começo, eu trabalho na GAMX – Grupo Armado Mercenário X. Uma empresa que presta serviço aos Estados, sim, exato. Somos mercenários. Um exército mercenário, especificando ainda mais, atualmente  eu sou um Operador ou Agente como preferirem, mas agora serei promovido a Gerente-Regional, que  faz exatamente o que? Bem... O Gerente é responsável por fazer o recrutamento, preparar equipes de treinadores e eventualmente compor a equipe treinadora. O Gerente-Regional é o responsável por gerir as gerências e destacar os gerentes, além de ser o principal Operador da região, podendo receber os contratos de três pontas. Bom, os contratos de três pontas são os contratos de clientes especiais, são os contratos de alto risco, de maior pagamento e de maior chance de morrer. Explicado isso, acho que podemos evoluir na história.

Bom, lá vou eu, de Nova Iorque para a Pensilvânia, cuidar de uma filial do Grupo que conta com míseros cinco agentes e um deles é o gerente que queria ter sido promovido, pré-sinto que nada será fácil lá.
         

Estrela.

domingo, setembro 23

Ei, estrela porque não brilhas para mim?
Porque não volta este teu olhar puro para mim?
É, eu fico aqui imaginando o porque
O pra que e o por que.

Soa estranho pedir isso a uma Estrela
Mas essa estrela é que guia meu coração
É ela, só ela que me alegra.

Estrela, ó estrela, brilhe para mim.
Deixe este pobre feliz ao menos um dia
Brilhe para mim nem que seja por um dia.

Não deixe que esse pobre escritor morra
Sem ao menos ver um sorriso seu
Um olhar seu
Um brilho teu.

Inspire-me, uma vez mais, Estrela.
Estrela-guia do meu coração
Brilhe uma vez mais.
Brilhe somente, para mim.

Meios.

sexta-feira, setembro 14

Três, eram três.
Ou eram vocês.
Pouco importa o inoportuno
Pois o sol brilha para Netuno
E com isso, os três viraram vocês.

Desde quando
O mando é teu?
Desde quando
O manto é teu?

É melhor se ater
Já que está longe
Do vosso fim.

Seus meios não justificam
Sua atitude incompreensível.

Carta.


Qual o desafio de hoje? É o que me pergunto todo santo dia, quando levanto e penso em quão funda é a toca do coelho.
Não sei qual a dificuldade do dia, mas com certeza, não será nada fácil, nunca é.

Lembrar-me do que aconteceu tempos atrás, não é fácil. Não deixo isso passar, não deixo a dor ir. Não, nem mesmo o Wolf consegue superar isso.
Por mais que ele seja meu algoz, ele não supera o que aconteceu. Toda emoção ruim que me atenha, Wolf a quebra e lembra-me que ele está aqui, e que ele é o ponto forte que posso confiar, mas... Isso aqui é demais.

Novamente, uso meus textos para me confortar, mas admito que um beijo e um abraço seu iriam me servir muito mais, sim, muito mais. Confortar-me-iam, sem dúvidas.
Mas nem sempre se consegue o que queres, é assim, é assim que se vive certo?
Pois então, vamos ao fundo da toca do coelho.

Aos meus digo que irei ficar bem, aos que me desejam o mal, digo-vos que um lutador nunca morre, apenas vira lenda. Aos que irão lutar, rezem ao seu Deus, pois a Fé é a sua força. Aos que irão pro fundo da toca do coelho comigo, apenas aviso lhes que, a viagem nem sempre é segura, esperem turbulências. 

A conta.

quarta-feira, setembro 12


“Essas garotas com essas tatuagens “Carpe Diem” no pulso ou no antebraço, que coisa mais... mais... Ah, foda-se... Garçom desce mais uma.”.
“Wolf, você tá pegando pesado cara. Para de beber um pouco, porra!”.
Mike e eu estávamos num bar na Roque Petroni Junior após o expediente, fazendo um happy hour para poder ir embora sossegados, mas, naquele dia, justo naquele dia ela tinha me dado um fora. Tá certo que nem sempre se ganha, só que ela foi sacana.
Mike tentava fazer o estilo “conselheiro” da vida, falava, falava, falava e falava, mas não ajudava. Já disse que ele era um daqueles patetas de academia?

            Não sei se sou eu que fico puto à toa, mas, ela acabou de cair no meu conceito, pessoas assim... Deixa pra lá. “Garçom, a conta!”

A arte da Vingança

domingo, setembro 9


Deixa pra lá, ia contar uma das minhas histórias, mas a vida tá foda... Não que eu não goste deste status de “Wolf”, mas é que uma hora ou outra enche! Com quantas fiquei? Com quantas dormi? Com quantas posso contar agora?
Não... Isso tá errado! Mas assim, deixa quieto vai. Vou ficar falando aqui e atrapalhando o role dos outros, falando nisso, Michelle e Demian estão atrasados e Mike já está ficando bêbado.

“Boa noite, senhores.”, num tom frio único, Demian se fez presente, ao lado dele, sua amiga inseparável praticamente irmã, Michelle a loura mais linda da face da Terra que nunca me dera bola... É a vida, fazer o que.
Mike levantou-se em menção de cumprimentar Demian, mas este se despediu de Michelle e saiu pela porta da frente do bar onde estávamos. Eu apenas levantei pra cumprimentar Michelle que me disse um “Oi, Matt” já que ela se recusava a me chamar de Wolf, dizia que era muito pra minha moral, que eu já tava me achando por causa disso.

Noite longa Mike e Michelle ficaram conversando boa parte da noite, eu fiquei sentado na minha cadeira ouvindo o barulho de burburinhos das outras mesas e os dois prestes a se “pegarem” na minha frente. Michelle estava um tanto quanto saidinha, usando um vestido preto colado, sapatos de salto alto pretos, o cabelo louro bem arrumado caindo sobre os ombros e em cima do decote generoso do vestido.
Mike é um desses palhaços de academia, do tipo sem cérebro, totalmente e literalmente. Sua irmã Anne iria aparecer mais tarde, pensei em como poderia aproveitar isso para irritar Mike, assim como ele me irrita agora.

Passava das duas da manhã, o dono do bar abriu a área do Karaokê, Mike foi o primeiro da fila, “o que uns shots de Tequila pura não fazem com um homem...” pensei, e logo lá estava o bombado cantando Macarena. Sim, era uma cena única e sim, eu estava rindo tanto quanto Michelle.
Deu uma meia-hora dele cantando, tudo errado, diga-se. Ele tava indo escolher outra música, Anne entrou pela porta da frente rindo, e acenou para nós na mesa.

“Hey, Anne! Você está muito bonita nesse vestido hein...” Anne riu-se, toda encabulada, Mike deu uns tapinhas no meu ombro e disse algo sobre eu pegar leve. Michelle chamou Anne para se sentarem próximas e ficaram conversando.
Pronto, agora eu tava ferrado! O dono do bar apareceu, devia ser por volta da meia noite, disse que iria começar o “baile”, chamou o DJ e o cara colocou uma música animadinha pra começar a noite. Mike agarrou Michelle e saiu para pista. Anne ficou olhando-os dançar, eu levantei e sentei do lado dela, de forma que conseguisse cochichar em seu ouvido.

“Sobre o que eu disse mais tarde, desculpa, se tu achou ruim eu nem brinco mais.” Anne riu novamente, disse-me que estava tudo certo. “Bom, já que tá tudo certo, tu fica linda nesse vestido... Mas e fora dele?” Ela só olhou pra mim pegou sua bolsa, levantou e saiu porta a fora.
 Um minuto depois recebo uma SMS dela, com os dizeres: “Vai me deixar ir embora sozinha, a pé, numa noite escura e fria?” Sai correndo pela porta do bar, e lá estava ela, no banco do passageiro do meu Veloster preto.