História de Amor - II

domingo, abril 15

Todo dia, oito horas da manhã ele acordava e ia para seu banho, engolia o café da manhã e saia para o trabalho.
Ia ouvindo sua música, fones no talo, enfincados na sua orelha de jeito que só ele consegue tirar. Descendo as escadarias do Metrô todo dia, travou na catraca porque seu bilhete único estava sem saldo, recarregou e passou a catraca, desceu as escadas rolantes calmamente, já estava atrasado pro trabalho mesmo.
Foi pra porta que lhe convinha, a que fica sempre vazia... A composição do Metrô chegou, ele entrou no vagão, olhou pro rosto de quem estava parado perto da porta e pro vagão em geral, encostou na porta da esquerda que estava fechada. A camisa social lhe incomodava, a calça jeans tinha dobrado no calcanhar, deixando aparecer o logo da Adidas de seu tênis, ele agachou e arrumou. O trem partira e na estação seguinte embarcou uma jovem, que prendeu a atenção do garoto...

Começou mais um dia, novamente se repete a rotina, novamente, ele vê a garota que prende sua atenção. Descendo na Sé, o garoto  andava rápido sempre, mas dessa vez resolveu apreciar a arquitetura rústica do metrô e os passos da garota que ele vinha vendo há dois dias já. Usando um Adidas, jeans azul claro e uma blusinha simples branca, a garota ia seguindo seu caminho, e nosso jovem Wolf, ia pro outro lado, trabalhar. Passou-se mais um dia...

Pela terceira vez que a viu, Wolf, já estava intrigado. A garota ao embarcar, olhou diretamente pra ele, e discretamente deu uma risada, sentou-se num banco vago e colocou os fones de ouvido, não sabe-se o que ela ouvia, mas com certeza deveria ser algo pop. Wolf novamente, foi andando devagar, admirando-a, os cabelos loiros na luz do sol, o prendiam o olhar sempre. Wolf foi trabalhar, e foi para o colégio, e numa das raras vezes, decidiu voltar do Colégio de Metrô, como saíra mais cedo, decidiu ir até a Sé e evitar a congestionada Linha Amarela, apelidada por ele de Linha dos Bois. Chegando à Sé, foi para plataforma que pegava sua composição, sentido Barra-Funda, como eram onze horas da noite, a estação já estava mais vazia pra esse sentido. Andou Wolf até perto do primeiro carro da composição, pois era mais vazio e para sua surpresa, ao seu lado aparece a jovem que lhe prendia a atenção nestes dias.

Segundos após uma troca de olhares sem querer entre os dois, o trem chegou, eles entraram, Wolf se dirigiu  pro fundo do vagão e sentou-se no último banco, ao lado da janela, com os fones apertados quase em seu tímpano, ouvindo alguma coisa que nem importava no momento, olhou pra sua frente e ali estava a garota...
Alguns segundos sem jeito, ela, deu uma risada e perguntou seu nome, Wolf respondera de prontidão, foram duas estações de conversa, chegaram a estação dela, Wolf se despediu dela com um beijo no rosto e um abraço típico de amizade homem-mulher.

Ao sair do trem na sua estação, Wolf olhou as horas no seu relógio da Chilli Beans, e tirou um pedaço de papel do bolso, enquanto tinha um sorriso no rosto, no papel um número de oito dígitos e uma marca de batom nele, assim como havia uma marca igual em seu pescoço.