História de Amor - IV

quinta-feira, abril 26

Fernanda era mandona, sabia que qualquer homem tremia na sua frente. Sempre bem vestida, calça jeans, ankle boot, camiseta, no frio jaqueta de couro e no calor óculos escuros. Diziam que ela era apaixonada por um cara por ai, mas, é difícil de acreditar quando vemos ela tratando qualquer cara com certo desprezo, menos os amigos.


Wolf sempre a via de longe, inatingível, mas sempre pensava "meh,se acha...". Continuando com sua vida, Wolf sempre a via quando ia andar sem rumo, mas na última semana era incrível o tanto de vez que se encontravam, academia, metrô, shopping, cinema, praticamente todos os lugares pensáveis que pessoas decentes e indecentes frequentam, eles se encontraram ali. 
Certo de que tudo aquilo era uma estranha brincadeira do Senhor Destino, Wolf deixou passar. Chegara o final de semana, com a sexta-feira tão amada de todos os jovens, com planos para a noite Fernanda foi para o ponto de encontro com a galera, um posto de gasolina perto de umas boates, Wolf por acaso do destino, estava na loja de conveniência do posto, e logo viu Fernanda parada ao lado de um carro com uma amiga segurando uma garrafa de Heineken o que o fez pensar de cara "Mas que droga hein..."
Wolf passou pela porta da loja com uns amigos, a dita gangue dos "populares", Fernanda os viu, passaram batidos por ela e a amiga. Talvez isso se devesse por Wolf guiá-los. Andaram alguns metros e pararam encostados em uma Hillux de algum deles, todos que chegavam passavam ali paravam pra falar com eles. Fernanda olhava de longe e cutucou uma amiga pra ir com ela falar com eles, logo Wolf se viu cara-a-cara com a mulher que estremecia todos os homens.


Fernanda parecia amigável demais com Wolf, os dois se distanciaram um pouco pra conversar, Fernanda ia olhando para Wolf... Medindo-o, analisando, seu Adidas branco meio sujo, o relógio de lente espelhada, a camiseta gola V, a calça jeans slim, e a camisa social substituindo uma jaqueta que ele preferia não usar. Fernanda deixou-se levar por um pensamento, e agarrou Wolf pela cabeça e o beijou, Wolf não ofereceu nenhuma resistência, e assim passou-se a madrugada.


Wolf acordou em seu quarto, vestido do jeito que saiu, e levantando-se com extrema dor de cabeça, colocou a mão no bolso direito e tirou um cartão de negócios preto na sua face frontal e na face traseira um número de telefone junto da frase: "Adorei a noite, me ligue quando quiser repetir." 

História de Amor - III

domingo, abril 22

O som alto pulsava no fundo do tímpano de Wolf, "Titanium", e em sua frente estava dançando, despreocupada com tudo uma linda jovem de, usando um vestido preto e uma bota de salto fino que lhe cobrira toda a perna até perto dos joelhos, o vestido lhe cobria até parte da coxa, um decote generoso que mostravam os seios fartos. 
Levada pela batida construída por David Guetta, a jovem se soltava e dançando de olhos fechado não percebera que toda a atenção de Wolf agora era sua, encostado na parede do bar tomando um copo de energético, provavelmente, "Red Bull", Wolf se concentra em analisar todos os movimentos da jovem, que a cada batida da música se solta mais, o DJ que faz seu trabalho muito bem, vira a música e começa a tocar algo com características de Dubstep e Electro House, o que significaria pra Wolf uma dor de cabeça no dia seguinte, e para a jovem uma chance a mais de se soltar. 


Um rápido blackout quando começa a tocar "No Turning Back", o strobo começa a funcionar e faz com que a jovem tenha o efeito de "slow motion" enquanto dança. Wolf começa a caminhar em direção a ela, tendo que enfrentar várias pessoas paradas cantando o refrão da música junto da jovem.
Wolf está a poucos passos dela, e um jovem da festa, para a garota que dançava antes para conversar, fala uma ou duas palavras e a tenta beijar, ela vira o rosto e pede que ele parta, mas ele continua ali, conversando, agora nervoso.
Wolf está atrás dele, que agora segura a jovem pelos seus pulsos, Wolf rapidamente solta a garota e pede para que o jovem saia de perto, o refrão da música começa e o nosso "vilão" não se mostra redutível... Ele cai no chão, Wolf se vira para a garota e se aproxima, dá um passo a frente e inclina a cabeça de forma que consiga falar ao ouvido da garota, e em tom suave pergunta: "Qual o seu nome?"   a música acaba e aplausos começam para o DJ, a garota se aproxima bem de Wolf e com um sorriso libidinoso nos lábios responde junto da orelha de Wolf, "Samira...". Antes que pudesse dizer algo mais, Wolf que já estava inclinado fez um pequeno gesto em direção ao bar, Samira entendeu e seguiu para lá.


O DJ que assumira o controle do som, começou o seu "set" com uma música do estilo dubstep melódico, o que fez com que Samira começasse involuntariamente a dançar. Wolf com o copo de energético que acabara de pedir em mãos e um riso irônico em sua face, admirou Samira dançar... Todos os movimentos, os braços, quadris, pernas, tudo... Wolf também sentia as batidas da música e de forma discreta balançava a cabeça acompanhado todas as batidas. 


A música se encerrou, e Samira voltou para Wolf, e segurou-lhe pela mão, até a pista "open air" que estava fechada, porém, os dois conheciam todos que trabalhavam ali naquele club e ficaram lá. Sozinhos aproveitando a música, que agora era mais baixa.


Samira parou de dançar e começou a olhar Wolf, analisando-o, mas foi interrompida por uma fala dele "se estiver cansada disso aqui? Podemos sair, ir pra algum lugar longe, ou pra lugar nenhum". Samira parou pra pensar e deu dois passos à frente, colocou as mãos na nuca de Wolf - E ele, as mãos na cintura dela - e o beijou.


Os dois saíram pelos fundos, andando de forma calma, entraram em um táxi e se perderam no horizonte que era o fim da Avenida onde se localizava o 'club'.

História de Amor - II

domingo, abril 15

Todo dia, oito horas da manhã ele acordava e ia para seu banho, engolia o café da manhã e saia para o trabalho.
Ia ouvindo sua música, fones no talo, enfincados na sua orelha de jeito que só ele consegue tirar. Descendo as escadarias do Metrô todo dia, travou na catraca porque seu bilhete único estava sem saldo, recarregou e passou a catraca, desceu as escadas rolantes calmamente, já estava atrasado pro trabalho mesmo.
Foi pra porta que lhe convinha, a que fica sempre vazia... A composição do Metrô chegou, ele entrou no vagão, olhou pro rosto de quem estava parado perto da porta e pro vagão em geral, encostou na porta da esquerda que estava fechada. A camisa social lhe incomodava, a calça jeans tinha dobrado no calcanhar, deixando aparecer o logo da Adidas de seu tênis, ele agachou e arrumou. O trem partira e na estação seguinte embarcou uma jovem, que prendeu a atenção do garoto...

Começou mais um dia, novamente se repete a rotina, novamente, ele vê a garota que prende sua atenção. Descendo na Sé, o garoto  andava rápido sempre, mas dessa vez resolveu apreciar a arquitetura rústica do metrô e os passos da garota que ele vinha vendo há dois dias já. Usando um Adidas, jeans azul claro e uma blusinha simples branca, a garota ia seguindo seu caminho, e nosso jovem Wolf, ia pro outro lado, trabalhar. Passou-se mais um dia...

Pela terceira vez que a viu, Wolf, já estava intrigado. A garota ao embarcar, olhou diretamente pra ele, e discretamente deu uma risada, sentou-se num banco vago e colocou os fones de ouvido, não sabe-se o que ela ouvia, mas com certeza deveria ser algo pop. Wolf novamente, foi andando devagar, admirando-a, os cabelos loiros na luz do sol, o prendiam o olhar sempre. Wolf foi trabalhar, e foi para o colégio, e numa das raras vezes, decidiu voltar do Colégio de Metrô, como saíra mais cedo, decidiu ir até a Sé e evitar a congestionada Linha Amarela, apelidada por ele de Linha dos Bois. Chegando à Sé, foi para plataforma que pegava sua composição, sentido Barra-Funda, como eram onze horas da noite, a estação já estava mais vazia pra esse sentido. Andou Wolf até perto do primeiro carro da composição, pois era mais vazio e para sua surpresa, ao seu lado aparece a jovem que lhe prendia a atenção nestes dias.

Segundos após uma troca de olhares sem querer entre os dois, o trem chegou, eles entraram, Wolf se dirigiu  pro fundo do vagão e sentou-se no último banco, ao lado da janela, com os fones apertados quase em seu tímpano, ouvindo alguma coisa que nem importava no momento, olhou pra sua frente e ali estava a garota...
Alguns segundos sem jeito, ela, deu uma risada e perguntou seu nome, Wolf respondera de prontidão, foram duas estações de conversa, chegaram a estação dela, Wolf se despediu dela com um beijo no rosto e um abraço típico de amizade homem-mulher.

Ao sair do trem na sua estação, Wolf olhou as horas no seu relógio da Chilli Beans, e tirou um pedaço de papel do bolso, enquanto tinha um sorriso no rosto, no papel um número de oito dígitos e uma marca de batom nele, assim como havia uma marca igual em seu pescoço.

História de Amor - I

domingo, abril 8


Puro e ilusório, sonho prático, lindo e fácil, apenas parece fácil, porém.
Difícil era aceitar a realidade, de ser assim, desajeitado e despreparado, preguiçoso até ter uma chance de provar o contrário.
Olhar no olho era estranho, gota a gota, a cachoeira de lágrimas de seu rosto preenchia o vazio contínuo do chão daquele quarto. Pensamentos vazios, assim como a sua audição. Pobre garota, parou de ouvir tudo o que estava ao seu redor quando ouviu o que não queria nunca ouvir...

Mas estamos esquecendo o principal dessa história, desconexa e estranha, qual a causa da notícia ruim?
Bem, é tudo muito confuso, quando se vê um acidente de carro, e tudo piora quando se vive um. Cliché? Pode até ser, mas a história assim se seguiu:

Voltavam Michelle e seu namorado Joseph em seu Mustang '07 após uma festa de aniversário típica, regada à álcool. Joseph era conhecido no Colégio, aliás, era um dos mais populares, e por causa disso bebeu além da conta em apostas com seus 'amigos'. Michelle também bebeu, mas, sabia onde parar e para evitar o pior, pediu pra Joseph leva-la para casa.
Joseph entrou em seu carro, e pegou um atalho pela estrada, Rota 41 e acelerou até cerca de 195 km/h, quando foi pego por um caminhão, de frente. Joseph num ato de proteção à Michelle, jogou o lado do motorista inteiro pro caminhão, que com a força do impacto jogou o Mustang para fora da pista, batendo em uma árvore.
Michelle ao retomar a consciência, vê suas duas pernas presas pelas ferragens do carro, que esmagam suas pernas a cada vez que ela respira. Olhando pro lado, ela vê Joseph, seu crânio bipartido e tronco desconectado da parte inferior do corpo. Seus órgãos internos restantes, para fora do corpo, seu cérebro no para-brisa, e seus olhos, intactos.
Súbito apagão, dois dias após o acidente, Michelle acorda ao som da música que tocava no momento do acidente, "Black Eyed Peas - Where Is The Love?", num quarto de CTI e ao abrir os olhos, vê tudo embaçado, quase não enxerga seu pai ao seu lado.
Ainda sob o efeito do tranquilizante que deram-na pra dormir, pergunta o dia que é, 12/04 seu pai responde. Sua mãe e irmã e alguns amigos a observam pela janela do quarto no corredor do Hospital. Seu médico chega, e chama o pai para conversar.

A conversa dura um certo tempo, os dois estão à sós, enquanto os amigos e a mãe olham Michelle sozinha no quarto.

Michelle começa a conversar com alguém, em sua frente, é Joseph. Que está normal, sua aparência é igual a de antes do acidente, enquanto os dois conversam, do lado de fora do quarto a mãe de Michelle se assusta com a filha falando alto, e chama uma enfermeira. Depois de uma verificação nos papeis a enfermeira prepara uma dose de calmantes para Michelle, que já gargalha no quarto sozinha.

A enfermeira gira a maçaneta da porta,que trava, Michelle desmaia, a seringa cai no chão e se parte. O vidro da janela se quebra, mas pouco antes aparece a imagem de Joseph, do jeito que morreu, com duas esferas negras no lugar de seus olhos.