Perspectivas - Texto Um.

sexta-feira, junho 8

São cinco e cinquenta e cinco no meu relógio de pulso, o da parede à minha esquerda marca seis e cinco. Todo santo dia, começo desse jeito, fazendo minha ronda pelo corredor do décimo segundo andar da Ashylym Medicine.

Distraído com pensamentos sobre minha vida, e quantos anos mais terei que trabalhar neste emprego patético pra conseguir comprar um carro do ano, viro à direita no corredor D entrando no corredor B.

 - Você ai! Parado! Coloque suas mãos onde eu possa vê-las.

- Certo. Certo. Estou me virando para você, não atire.

Um homem, alto, por volta de um metro e oitenta centímetros de altura, uns noventa quilos, usando jalecos brancos, uma calça marrom – capri – e sapatos de mesma cor.

- Muito bem. Sua identificação, por favor.

Digo isso me aproximando do sujeito em questão – com minha arma apontada para ele – e ele me entrega um crachá da Ashylym.

- Doutor Murdok, hm... Terceira vez essa semana hein Doutor?

- Sim Anthony sabe bem que eu fico até mais tarde, ou, se preferir, chego mais cedo ao laboratório.

O doutor parece um tanto quanto estressado, diferente até. Ele dá uma leve sacudida de cabeça – comprimento típico entre homens – dá meio giro em seu próprio eixo sobre os saltos do sapato social que usa e coloca sua mão direita na maçaneta de alumínio da porta de saída de emergência que estava a sua esquerda.

- Doutor. Sinto muito, mas terá que me acompanhar.

 - Tudo Bem, Anthony, mas que seja rápido.

Estou terminando meu giro de 180° para ir ao hall de elevadores do andar, e com minha arma no coldre, quando sinto um forte calafrio na espinha e algo me dizendo que devo ter cuidado.

Viro-me imediatamente para o doutor. Empunho minha arma fora do coldre com a minha mão esquerda.

- Doutor... Esqueci-me de algo, suas mãos, por favor.

Algemei-o, temendo por algo pior. Entramos no elevador, apertei o botão T, para irmos ao Térreo, onde o doutor poderia registrar sua entrada e sua autorização de uso seria confirmada pelo chefe da segurança.

Um blackout, o elevador para e abre suas portas no quinto andar... O doutor se aproveita e me empurra com um golpe usando seu tronco, e sai correndo do elevador, virando no corredor F.  Eu o sigo, com cautela, até ouvir passos vindos do corredor E. Tenho cerca de 30 segundos até que se aproxime, seja lá quem for o autor dos passos.

- Anthony, rápido, preciso de ajuda! Tem um cara baleado no corredor F, e eu vi três sombras no corredor B indo em direção as escadas de emergência!

E lá vamos nós.