São cinco e cinquenta e cinco no meu
relógio de pulso, o da parede à minha esquerda marca seis e cinco. Todo santo
dia, começo desse jeito, fazendo minha ronda pelo corredor do décimo segundo
andar da Ashylym Medicine.
Distraído com pensamentos sobre minha
vida, e quantos anos mais terei que trabalhar neste emprego patético pra
conseguir comprar um carro do ano, viro à direita no corredor D entrando no
corredor B.
- Você ai! Parado! Coloque suas mãos onde eu
possa vê-las.
- Certo. Certo. Estou me virando para
você, não atire.
Um homem, alto, por volta de um metro
e oitenta centímetros de altura, uns noventa quilos, usando jalecos brancos,
uma calça marrom – capri – e sapatos de mesma cor.
- Muito bem. Sua identificação, por
favor.
Digo isso me aproximando do sujeito em
questão – com minha arma apontada para ele – e ele me entrega um crachá da
Ashylym.
- Doutor Murdok, hm... Terceira vez
essa semana hein Doutor?
- Sim Anthony sabe bem que eu fico até
mais tarde, ou, se preferir, chego mais cedo ao laboratório.
O doutor parece um tanto quanto
estressado, diferente até. Ele dá uma leve sacudida de cabeça – comprimento
típico entre homens – dá meio giro em seu próprio eixo sobre os saltos do
sapato social que usa e coloca sua mão direita na maçaneta de alumínio da porta
de saída de emergência que estava a sua esquerda.
- Doutor. Sinto muito, mas terá que me
acompanhar.
- Tudo Bem, Anthony, mas que seja rápido.
Estou terminando meu giro de 180° para
ir ao hall de elevadores do andar, e com minha arma no coldre, quando sinto um
forte calafrio na espinha e algo me dizendo que devo ter cuidado.
Viro-me imediatamente para o doutor.
Empunho minha arma fora do coldre com a minha mão esquerda.
- Doutor... Esqueci-me de algo, suas
mãos, por favor.
Algemei-o, temendo por algo pior. Entramos
no elevador, apertei o botão T, para irmos ao Térreo, onde o doutor poderia
registrar sua entrada e sua autorização de uso seria confirmada pelo chefe da
segurança.
Um blackout, o elevador para e abre
suas portas no quinto andar... O doutor se aproveita e me empurra com um golpe
usando seu tronco, e sai correndo do elevador, virando no corredor F. Eu o sigo, com cautela, até ouvir passos
vindos do corredor E. Tenho cerca de 30 segundos até que se aproxime, seja lá
quem for o autor dos passos.
- Anthony, rápido, preciso de ajuda!
Tem um cara baleado no corredor F, e eu vi três sombras no corredor B indo em
direção as escadas de emergência!
E lá vamos nós.