Cinco horas da manhã,
há três dias não durmo. Minha busca por Blair parece não levar a lugar
nenhum...
Recebi uma promoção no
departamento devido ao sumiço de Demian, passei para o posto de que ele
usufruía: Diretor de Planejamento de Operações Especiais, ou Delegado de
Operações Especiais; posto conseguido por Demian com louvor, após acabar com um
cartel de drogas que atuava na fronteira Paraguai-Brasil. Enfim, toda uma
história muito longa para o momento.
Com o cargo novo,
coloquei uma parte do Departamento atrás do Demian e de Blair. Montei
diligências especiais em todas as fronteiras, seria impossível para eles saírem
do Brasil agora e, enquanto isso, faço minhas diligências pessoais dia e noite
por São Paulo.
Cinco horas da manhã e
há três dias não durmo. Estou sentado numa cadeira defronte a um balcão de bar,
minha viatura está parada a 95 graus em frente à porta. O bartender está um
pouco assustado. Deve ser porque nunca viu um policial entrar num bar e pedir
uma dose de vodca.
Ouço algumas viaturas
se aproximando com suas sirenes e alertas sonoros ligados. Duas viaturas param
na porta e seis homens desembarcam delas. Logo após adentram no bar gritando:
“Doutor Wolf, o COT acabou de nos informar que acharam um possível esconderijo
do Dr. Demian e da Dra. Blair.” Dei um salto do local onde estava, deixei minha
cerveja em cima do balcão junto com uma nota de cinquenta reais. O COT, Comando
de Operações Táticas, está vinculado à minha diretoria de planejamento
operacional, logo, eles são a elite da DPF, e não me decepcionariam em achar
Demian e Blair.
Demian havia levado
Blair para o prédio da Gazeta, na Avenida Paulista. O que me fez tremer, pois
uma operação aqui poderia ter mais baixas civis do que queríamos. Ele sabia que
eu evitaria um confronto ali, pois já havia hesitado num treinamento que
envolvia situação semelhante, o que me levou a ser rejeitado pelo COT.
Selecionei cinco
agentes para formar uma equipe e me acompanhar na incursão ao prédio. Havia 24
viaturas e 96 agentes. Demian sequestrara Blair, o que deixou muitos do
Departamento raivosos e dispostos a ajudar. Iríamos preparados para tudo nessa
incursão. Usamos os mesmos coletes balísticos que o Exército usa, capazes de
aguentar tiros até de um rifle de precisão calibre .50. Nosso armamento padrão
foi substituído por fuzis de assalto, rifles e escopetas. Dois agentes usavam o
fuzil de assalto AK-47; um estava com um rifle de precisão Barret M107; e eu e
um agente usando fuzis de assalto M4-A1. Por fim, todos tinham uma arma
secundária Glock 9mm ou uma Taurus PT 9mm, mas ainda não sabíamos o que Demian
tinha, consequentemente, todos estavam com um pouco de medo.
Começamos a incursão
ao prédio. Fui o “ponteiro” da equipe, o primeiro da fila. O prédio havia sido
previamente evacuado, havia apenas um andar lacrado, pois era no quais estavam
Blair, Demian e mais alguns civis. Dos
14 andares, eles estavam no 11°, número de sorte de Demian - e do meu azar.
Um agente subiu de
elevador e o restante da equipe me acompanhou pelas escadas. Ao entrarmos pelas
escadarias e chegarmos no 6° andar, ouvimos uma explosão e, por fim, o estrondo
do elevador que se espatifara no chão.
Subimos com o dobro da cautela. Ao chegarmos por fim no andar onde
estava a situação crítica, fomos recebidos por rajadas de uma escopeta SPAS 12.
Separamo-nos. Dois agentes entraram para a esquerda no corredor e abateram o
atirador, que não era Demian, para minha surpresa - o que significava que ele
contava com ajuda. Os outros dois agentes foram para o lado direito do corredor
e eu segui reto, para atravessar o corredor pelas salas que se interligavam.
Ao invadir a primeira
sala, pude ouvir uma intensa troca de tiros. Logo após, o rádio ficou mudo e
pude ouvir Demian: “Prepare-se, Wolf. Logo tudo o que desejas será seu”. Um forte
calafrio percorreu minha espinha, e pude sentir como se Demian estivesse com a
mira de sua arma em minha testa. Continuei a atravessar as baías dos
escritórios e Demian me derrubou com uma rasteira.
Não dando tempo para
que eu pudesse reagir, Demian colocou a mira de sua pistola automática Desert
Eagle em direção à minha cabeça. Dei um chute na boca do estômago de Demian
enquanto eu levantava, sua reação fora dar dois disparos. Pulei para trás de
uma coluna de concreto e saquei minha Glock. Disparei três vezes na direção de
Demian e ele pulou para trás de um dos cubículos do escritório.
Um estrondo. Caí no
chão com a vista turva. Virei-me de forma com que as minhas costas ficassem
para baixo e eu pudesse enxergar o teto, duas sombras apareceram perante minha
vista: Demian e Blair. Blair com uma escopeta SPAS 12 nas mãos. “Diga Adeus,
Wolf”.
Tudo escureceu.
----
Este é o fim da saga, agradeço à todos que leram, comentaram e curtiram. Em breve começarei uma nova saga, então, continuem visitando o blog para ler mais. Abraços do autor, Matheus Duarte.
Créditos:
Texto revisado por Izaias Viana Marinho e Alison Paias.
Demian é um personagem de Kleberson Carvalho, tendo ele cedido os direitos de uso para estes textos. Contato do mesmo: Kleberson Carvalho