Tentei olhar pelo vidro do lado
do passageiro, mas não enxerguei nada, e ainda quase raspei um pedaço da guia
da calçada com a roda dianteira do carro. Não parecia que era dia de casa
lotada no clube, só que Mariana não estava em casa, em plena sexta, então é
sinal que era dia de balada.
Tá, eu sei, sou um irmão chato, admito.
Só que eu quero proteger minha irmã de caras... Tipo... Eu. Não sou modelo de “homem”
a ser seguido por ninguém, então conheço gente da minha “laia”, só quero
garantir que minha irmã não caia na lábia de nenhum deles...
Quatro da manhã, e eu aqui, parado
dentro do carro esperando a Mari sair... Porque que eu não entro? Não quero
invadir o espaço dela, ok, mas tá foda aqui.
Foda-se. Vou entrar. “ô mari, vou entrar,
só pra pegar algo no bar e ficar te esperando. Relaxa que não vou pesar na sua.”
Mandei essa sms pra ela e entrei, o bom é que conheço todo mundo aqui e não
preciso parar na fila. Passei pela entrada e fui direto para o bar.
- O de sempre, Marcos.
- Tá ai Wolf. Chegou tarde por
quê?
- To esperando a irmãzinha. Segunda
balada sozinha que ela vem. Aí eu to evitando que ela saia daqui com algum
cara.
- Saquei... Ela tá no
camarote, to aqui uma pulseira, sobe lá se quiser. É open bar hoje.
Subi para a área VIP, fui direto para o
bar de lá, para cumprimentar a Michelle. Falei oi e fiquei encostado, olhando
todo mundo ali se divertindo, procurando a Mari. Achei-a abraçada com um cara.
Uma leve vontade de sacar minha arma me ateve, mas logo passou. Continuei
observando.
Ela começou a beijar o cara, meus dedos
começaram a coçar pra puxar minha Taurus PT, mas novamente me acalmei. Michelle
percebeu o quão irritado eu estava e desceu uma dose de vodca pura para mim.
Sorvi-a de uma só vez.
- Essa garota... Sempre
ela... Michelle, o que eu fiz pra merecer isso?
- Fez um monte de garotas de
bobas apaixonadas? Hahahaha. Relaxa Wolf, curte o som, se quiser, eu posso te
ajudar.
Aquela piscadinha da Michelle, ai ai...
Se não fosse esse babaca tentando se aproveitar da minha irmã... Caminhei
pacientemente até Mari e o idiota que tentava beijá-la a força...
- Aí o dá regatinha pagando
de machão... Dá pra soltar minha irmã?
- Caí fora, palhaço, eu estou
conversando com sua irmãzinha.
- Beleza então.
Fiz uma breve análise da situação. Ele
estava segurando minha irmã com os seus braços esticados, eu podia arrebentar
com as costelas dele com um chute ou joelhada. Dei um passo para o lado
esquerdo e um chute circular na lateral direito do torço dele. Ele caiu, soltou
minha irmã e ficou uns 30 segundos sem ar.
- Mari, são cinco da manhã,
vamos?
- Sempre estragando minha
noite! Matt, eu te odeio, mas obrigado por me tirar das mãos desse idiota.
Mari me acompanhou até o carro. Assim
que eu fechei a porta do passageiro, fui agarrado em um mata-leão. O ar começou
a ficar escasso. Não estava conseguindo me soltar. O idiota que eu havia
derrubado entrou no lado do motorista de meu carro e saiu com Mari. E eu
continuei aqui preso no mata-leão quase sufocado. Merda. O que faço agora? É minha última noite em Nova Iorque...