Foi
aquele dia, não aguentava mais esperar. O pior, não é só esperar,
o pior é ter que ficar aqui, com essas costelas quebradas, uma perna
e um braço... Como isso aconteceu mesmo? Corri pelo meio da avenida
pra tentar parar aquele moleque que tinha roubado uma senhora, assim
que virei a esquina... Puff... A viatura me arremessou pra longe.
Não
me viram, foram embora, e eu tô aqui no asfalto. Mórbida essa cor
da calçada, tem uma poça de sangue e o granito todo arrebentado...
Puta
merda, não tem ninguém aqui... Se eu ao menos *grunhido
indecifrável*
conseguisse levantar.
Engraçado
como que nesses momentos de dor extrema você consegue imaginar cada
coisa, cada parte da sua vida passa pela sua mente e você se vê em
diversas situações, reais e irreais...
No
fim, justamente no fim, parece que você consegue se ver, no leito de
morte...
O
Sol nasceu! Como é bonito ver o nascer do Sol... E ficar aqui,
parado, admirando...